Educar para o humanismo solidário

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É preciso, urgentemente, se fazer ouvir e articular o maior crescimento da consciência humana sobre o que é ser humano e a sua relação com a educação.

 

Por Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves – Teólogo e Professor

Vivemos um período de grandes transformações: sociais, econômicas, políticas e educacionais. O ser humano se vê, diante de tantas situações, desnorteados. Diante dos desafios, somos chamados a nos colocar no processo de reinvenção do cotidiano. Um mundo realmente novo só será possível sob a condição de sermos responsáveis por ajudar a construir a mudança que esperamos e de ousar em construir, neste mundo, um bom lugar para se viver.

Para tanto é necessário ter cuidado com a vida, respeitar o próximo e, principalmente, o às gerações. Uma conduta moral duvidosa, sem apreço à vida, nos leva a deixar de vivenciar os melhores momentos. Por isso, ter esperança, ou esperançar, é ter iniciativa, é ir ao encontro, é buscar ouvir os que mais precisam.

Em tempos de um contexto em que o ser humano é descartável vivemos relações que só visam o lucro. O Papa Francisco, na Encíclica Laudato si’ sobre o cuidado com a casa comum, ou seja, o cuidado com o planeta e todos os seres que vivos, nos apresenta a preocupação com o modo como a humanidade vive hoje sob o poder tecnológico e que o ser humano se tornou um mero objeto a ser possuído, dominado e consumido pelo poder (cf. LS, 106).

É preciso, urgentemente, se fazer ouvir e articular o maior crescimento da consciência humana sobre o que é ser humano e a sua relação com a educação.

Por isso, pensar em um eficiente processo educacional só será possível diante de uma Educação Integral do Indivíduo e sua real importância para a construção de seres humanos mais humanos. A Educação Integral deve ser assumida por todos e por todas, principalmente com o foco no processo formativo de crianças, jovens e adultos. Tudo isso deve ocorrer em uma grande sintonia para colaborar nos processos de aprendizagens que atuam dentro e fora da escola, nas casas e em todos os locais, colaborando assim na formação integral do ser humano.

Jesus deve ser nosso exemplo a ser seguido pela sua ética, pelo seu comportamento, costumes, hábito, caráter, modo de ser e de agir. Jesus assumiu sua conduta autêntica em uma sociedade contrária a tudo que ele pregava. Ele veio transformar o mundo, a começar pela sociedade de sua época; desejava fazê-la refletir e mudar seu posicionamento frente ao legalismo exacerbado. Assim, tratar o próximo com respeito é fazer valer o amor criador de Deus e sua proposta de vivência para o ser humano. Jesus nos mostra o que fazer: “O que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fazeis”. (Mt 25,40).

Assim, se faz necessário, uma transformação na educação, pois “Humanizar a educação significa, ainda, perceber que é preciso renovar o pacto educativo entre as gerações.” Por isso, a Campanha da Fraternidade 2022 nos convida a escutar os ensinamentos de Cristo, que se coloca como servo. Ele é o Educador que nos dá a condição de aprender com nossas realidades e em nossos contextos, ou seja, observando a realidade de cada um.

Sendo assim, somos convocados a refletir sobre a nossa vocação à solidariedade que nos dá condições de refletir sobre a realidade humana, seu contexto e, principalmente, os desafios da convivência multicultural.

Para tanto, é preciso se comprometer com a cultura do encontro e do diálogo como nos apresenta a Congregação para a Educação Católica em seu documento “Educar ao Humanismo Solidário” ao afirmar que cultura do diálogo ocorre em um quadro ético de requisitos e atitudes formativas, bem como de objetivos sociais. Os requisitos éticos para dialogar são a liberdade e a igualdade, ou seja, os participantes do diálogo devem estar livres de seus interesses e dispostos a reconhecer a dignidade de todos. Por isso, não é uma voz que se sobressai às demais, mas todos temos que seguir adiante e aprender a escutar, ouvir o próximo.

Destarte, para se pensar em uma educação para o humanismo solidário é preciso compreender a responsabilidade de “assegurar a formação de cidadãos dotados de uma adequada cultura do diálogo”. (“Educar ao Humanismo Solidário”, n. 14). Sendo assim, dotados dessa responsabilidade é urgente pensar que os projetos de formação da educação para o humanismo solidário têm por foco principal a ação consciente de cada um na construção do humanismo solidário e que haja uma verdadeira inclusão de todos nesta realidade.

Assim, refletindo nesse contexto, precisamos observar o caminho que seguimos e os exemplos que podemos dar em nossa realidade. Entre eles temos que ter por foco buscar sempre alimentar o desejo de uma sociedade mais humana e exercitar o amor ao próximo por meio de gestos de solidariedade. Além disso, comprometer-se com o meio ambiente com iniciativas de uma Educação Integral, promovendo o ser humano a assumir a sua responsabilidade socioambiental e, diante da necessidade, se colocar ao serviço a todos, inclusive no dia a dia diante dos mais necessitados e frágeis. Para que isso ocorra é preciso promover uma educação inclusiva para que se possa resgatar com justiça e dignidade todas as pessoas que sofrem e necessitam de apoio. Para tanto, falar com sabedoria e ensinar com amor é a proposta de um caminho de diálogo coerente com o que se vive nas esferas social e educacional.

Fonte: Vatican News

 

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