Educar para a fraternidade

Imagem de Element5 Digital em Unsplash

Por Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O tempo da Quaresma nos convida a olhar o caminho da vida, feito muitas vezes através de pequenos passos nas provações e alegrias de cada dia. Podemos começar o dia tendo na mente um grande projeto, e concluí-lo sem ter conseguido dar um passo para a realização do mesmo. Mas isso não deve ser o motivo para desistirmos, porque mesmo os pequenos projetos da nossa vida precisam de perseverança e persistência para que possam se tornar realidade. 

A Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema: Fraternidade e Educação, e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), nos convida a refletirmos sobre a realidade da educação em nosso país, que toca a vida de cada um de nós, porque fazemos parte desta realidade social, econômica e cultural.  

Podemos cair na tentação de pensar ou “rotular” como educação apenas a instrução acadêmica, que deve ser sempre uma preocupação fundamental do Estado, com a participação responsável da sociedade. Mas a educação vai muito além da “instrução” acadêmica. “O processo de educar é algo que começa desde muito cedo, e em vários âmbitos da vida de uma pessoa”. Podemos dizer que começa no berço, dentro da família, mas é muito importante que todas as crianças, adolescentes, jovens e adultos, tenham oportunidades de ter mais acesso ao conhecimento. Não podemos pensar em educação como algo limitado ao tempo da “escola”, num mundo em contínua transformação, graças às novas tecnologias.  

Numa sociedade onde a relação entre as pessoas passa pelos modernos meios de comunicação, e estes estão ao alcance da maioria, podemos achar que tudo está funcionando bem. Deveríamos também nos perguntar: como está a educação no ambiente familiar para o uso das novas tecnologias? Sabemos que a família de hoje é bastante reduzida. A partida dos filhos do ambiente familiar, logo após a adolescência, pode gerar nos pais também o sentido da solidão e abandono. Os jovens, mesmo com o coração apertado pela saudade, acabam encontrando outros jovens, para partilhar os sonhos e a vida. Mas os pais que permanecem podem, muitas vezes, sentir a solidão e o vazio, e ter a sensação de que os filhos já não precisam deles. Nem sempre levamos em consideração que as pessoas têm sentimentos e que, no peregrinar da vida, precisam da presença humana e fraterna dos outros. Penso que nenhum de nós foi educado para viver isoladamente. Porque a educação, “em sentido amplo, abrange o pertencimento e a participação dos sujeitos no mundo, de modo integral e solidário”. Por isso, é importante o educar para a fraternidade, onde o sentido de pertença envolve a pessoa na família e na comunidade, sem esquecer que fazemos parte de um horizonte mais amplo chamado “humanidade”. 

Fonte: CNBB

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