Por Dom Antônio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém/PA
Introdução
A terceira parte do texto-base da Campanha da Fraternidade nos estimula a traduzir em ações concretas as provocações da realidade contida na primeira parte (o Ver) e as inspirações presentes no discernir (II parte).
Por se tratar de uma realidade profundamente abrangente, como a educação, a promoção do agir deve estar condicionada ao contexto concreto dos sujeitos da educação, uma vez que a realidade da educação abraça a totalidade da vida da sociedade.
Nesse sentido, o tema “Fraternidade e Educação” pode ser refletido em diversos níveis: pessoal, interpessoal, familiar, grupal, pastoral, comunitário, institucional, escolar, universitário, popular, cultural etc. Uma ideia é indiscutível: não podemos reduzir o conceito de educação à esfera escolar, pois a realidade da educação ultrapassa não só as fronteiras da escola, mas também todo e qualquer limite institucional. Como poderíamos, por exemplo, falar de educação sem considerar os pais como os primeiros educadores dos seus filhos e o ambiente familiar como instituição naturalmente educativa?
Somos convidados a pensar na importância da relação entre educação e fraternidade; todos nós somos educandos educadores. As ideias que lhe apresentamos podem ser promovidas a partir das comunidades, paróquias, pastoral da educação, grupos organizados etc. Isso pressupõe a organização de uma agenda.
Pistas de ação, ideias, sugestões para a prática da CF:
- Fazer o exercício da escuta. Trata-se de um treinamento bem-vindo em nível interpessoal, grupal, familiar, comunitário e institucional;
- Buscar inspiração na Palavra de Deus para melhor fundamentar a profundidade e a amplitude da experiência do discernimento;
- Refletir sobre a importância da disciplina como virtude necessária que possibilita a educação pessoal, interpessoal e institucional;
- Estudar as atitudes de Jesus, o mestre por excelência, que educava através de gestos, palavras, atitudes, exemplos;
- Aprofundar a íntima relação entre evangelização e educação; “a Igreja evangeliza educando e educa evangelizando”;
- Educar crianças, adolescentes e jovens para o sentido da vida, o otimismo e a esperança, uma vez que estamos vivendo numa cultura profundamente marcada pelo pessimismo e o vazio existencial;
- Estimular nas escolas a reflexão sobre a importância dos valores humanos, das virtudes, projeto de vida e o necessário cultivo da boa qualidade das relações interpessoais;
- Educar para o humanismo solidário através de experiências concretas de encontro com os mais necessitados, visitas, campanhas etc.
- Estudar o sentido do Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco;
- Refletir sobre a importância de um Pacto Educativo Familiar e um Pacto Educativo Escolar que signifique a promoção de uma aliança em prol da educação;
- Promover retiros com professores, técnicos e gestores de escolas em vista da promoção da sensibilidade espiritual dos mesmos;
- Promover rodas de conversa refletindo sobre a importância da educação e o que significa o provérbio africano: “Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira”;
- Fazer um mapeamento de todas as instituições que trabalham em prol da educação situadas no bairro ou na cidade e apresentar-lhes a CF 2022;
- Aprofundar com professores e gestores o sentido de “educação integral” e “educar para o humanismo solidário”;
- Organizar e revitalizar o dinamismo da Pastoral da Educação, da Pastoral escolar e da Pastoral Juvenil incentivando a promoção da formação humana através do teatro, música, dança, esporte, convivência, gincanas, shows etc.
- Promover rodas de conversa discutindo temas como: ética na educação, desenvolvimento humano integral, dignidade humana, relações humanas, carências e potencialidades, liberdade e responsabilidade, meio ambiente, direitos humanos, ternura e firmeza, uso das redes sociais, drogadição (vícios), educação preventiva, escola e família, educação e a pandemia da COVID-19, ação conjunta em prol da educação etc.; Quem sabe ousando na promoção de seminários, simpósios, congressos reunindo instituições parceiras na educação; programas de rádios, de TV, Redes sociais;
- Promover debates sobre educação envolvendo representantes de pais, Secretaria de educação, Conselho tutelar, Conselho municipal dos direitos da criança e do adolescente, escolas, Instituições de Ensino Superior, Centros sociais, movimentos, professores, gestores de escolas, ONGs, movimentos sociais, líderes sociais etc.;
- Realizar celebrações da Palavra, Leituras Orantes da Palavra de Deus numa perspectiva educativa;
- Promover assembleias com educadores e apresentar propostas à Secretaria de educação e à Câmara municipal;
- Aprofundar o sentido e a importância do Ensino Religioso na educação estimulando a criação do Conselho de ensino religioso;
- Buscar estratégias, onde for possível, para a participação de membros da Pastoral da Educação no Conselho Municipal de Educação;
- Formar grupos de professores de acordo com temas de interesses pessoais para o estudo de determinadas questões relacionadas à educação;
- Apresentar o texto-base da Campanha da Fraternidade em Câmaras municipais e Assembleias legislativas, bem como, em outras instituições não católicas;
- Aprofundar a questão “processos educativos, competências, atitudes e habilidades” com educadores e gestores;
- Realizar a Via Sacra com estudantes e educadores refletindo sobre cada uma das estações numa perspectiva educativa;
- Estimular uma aliança entre a Pastoral da Educação, a Pastoral universitária, Pastoral Escolar, Pastoral da criança, Pastoral do menor, Pastoral juvenil, Pastoral familiar etc.;
- Promover com estudantes momentos de partilha sobre como eles percebem a educação, como estão amadurecendo humanamente e adquirindo novas atitudes;
- Promover a celebração da Páscoa com estudantes, educadores e gestores das escolas;
- Preparar uma especial celebração para o dia dos estudantes e dia dos Professores;
- Procurar conhecer os principais documentos da Igreja sobre a educação católica, tais como: a Gravissimum Educationis, Educar para o Humanismo solidário, a Escola Católica, Educar hoje e amanhã, Veritatis Gaudium (sobre o Ensino Superior Católico) etc.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
- Para você o que significa “falar com sabedoria”?
- Quais outras ideias são possíveis para a vivência da CF 2022?
- Você já leu algum documento da Igreja sobre a Educação Católica? Que tal ler a declaração “Gravissimum Educationis” (do Concílio Ecumênico Vaticano II), ou documento “Educar para o humanismo solidário” …?
Fonte: CNBB Norte 2