É tempo de recomeçar: uma Igreja de comunhão, participação e missão

Queridos irmãos, queridas irmãs, alegria e paz.

 

Estamos iniciando o mês de junho e com ele, a força da Ressurreição que permanecerá conosco no dinamismo da divina luz. No coroamento da alegria do Ressuscitado, o período Pascal insere-se no Tempo Comum, escondendo as chamas do Círio Pascal para reacendê-las em nós, nos presenteando com a descida do Espírito Santo que vem nos preencher com os seus dons. A Solenidade de Pentecostes nos põe em movimento sinodal, na leveza missionária e na ousadia profética com o olhar que enxerga os porões da humanidade, com os pés que pisam a terra sem feri-la.

Junho traz presente, de forma relevante, a Solenidade da Trindade Santa. Solenidade esta que nos recorda a unidade e a comunhão do nosso Deus, que embora Trino se revela Uno. Celebrar a Festa da Trindade requer de nós um itinerário mistagógico de escuta, de acolhida e de discernimento daquilo que o Senhor nos fala, para com ele dialogarmos e assumir, sempre de novo, o seu projeto de liberdade e de justiça como fruto da paz. Deus, em sua comunhão, exprime seu caráter de amor relacional, de convivência na comunidade divina, acolhendo o distinto como Filho Bendito e o Espírito Santo como o codileto, o amado em comum, força impulsionadora e clarão da glória divina. Deus é a realidade eterna vivendo como Pai, Filho e Espírito Santo, o que constitui a koinonia e a unidade do Deus único e verdadeiro.

Podemos pensá-lo metaforicamente como um Sol eterno que, com seus raios, nos atinge em saída missionária através do Filho e do Espírito. Ora, os raios, já diziam os Padres da Igreja no século IV, não se separam do sol, pois sua origem é a fonte solar. Pai e Filho e Espírito Santo, compartilham a mesma essência eterna e única. A Trindade é modelo de vida em plenitude, de solidariedade, de inclusão e de respeito às distinções e, sobretudo de um Deus que ouve o clamor do seu povo (Ex 3,7), desce e encarna-se no ventre de uma mulher para salvar a humanidade e ensinar o caminho sinodal, onde os pobres encontram espaço de acolhida e o resgate de sua dignidade.

A comunhão trinitária de Deus nos faz mergulhar no mistério infinito de amor e de ternura, abrasados pela compaixão e a paixão de um Deus apaixonado, que vive em suas entranhas a dinâmica do Amante, do Amado e do Amor que não conhece o ocaso. O ser humano está inserido nessa relação de modo aberto, onde vive o encantamento pela palavra que é o fascinum residente em sua alma de aventureiro encantado, que pensa ter conquistado o mistério, mas que foi por ele o escolhido num movimento eterno de sedução. O dinamismo das relações constrói-se a partir do crescimento, na sinodalidade como processo de uma caminhada inacabada.

Irmãos e irmãs, motivados pela comunhão na Trindade, comunidade de amor, celebraremos no próximo dia 12 de Junho, no Parque de Exposição em Itabira, região pastoral 1, nosso encontro de fé e de partilha com a festa da nossa diocese, momento idealizado pelo meu saudoso antecessor Dom Mário Teixeira Gurgel, SDS e que continuamos a realizá-lo até os dias atuais. Não se trata de celebrar o aniversário da nossa diocese, pois sua instalação canônica se deu aos 29 de dezembro de 1965 com a posse do seu primeiro bispo, Dom Marcos Antônio Noronha. Embora ainda nos encontremos nos contexto de pandemia, mas num cenário que nos permite realizar tal encontro, somos todos convidados a esta festa que tem por tema “É tempo de recomeçar: uma Igreja de comunhão, participação e missão”, contemplando nossa caminhada sinodal e inspirados pelo lema “Coragem! Levanta-te. Ele te chama”. (Mc 10,49)

Agradeçamos ao Pai de Amor e Bondade por toda caminhada pastoral e evangelizadora de nossa Igreja Particular de Itabira-Cel. Fabriciano. Somos um povo caminhante, uma Igreja missionária, obedientes ao mandato de Jesus. Na caminhada sinodal, o caminhar juntos expressa essa Igreja que trilha os passos de Jesus atenta aos sinais dos tempos e aos necessitados que estão às margens. Que continuemos nossa missão, meus irmãos e minhas irmãs, iluminados e iluminadas pelo Evangelho, Boa Nova de salvação, com um coração semelhante ao de Jesus, cuja solenidade também celebraremos neste mês, no dia 24, para que imitemos em nossa vida, seus exemplos de amor e caridade para com o próximo.

Que o Espírito Santo, Água Viva que brota do Pai e do Filho, nos fortaleça em nossa caminhada missionária e evangelizadora e nos ensine a respondermos com a nossa vida pessoal, familiar, comunitária e social, ao seu chamado divino em nossas comunidades eclesiais.

Que Deus nos ajude sempre mais a treinarmos o nosso coração para a cultura do encontro e da escuta, para que o caminho da sinodalidade encontre em todos os ambientes e circunstâncias a graça de poder acolher e escutar as pessoas, o mundo, a realidade e principalmente a voz do Espírito Santo que nos indica o caminho, a verdade e a vida, que é o próprio Cristo Jesus.

Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1 Cor 15,10)

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