Dona Dudu – uma vida inteira colorindo as páginas em branco

Thaís com a avó Dona Dudu – arquivo de família

“Falar da minha avó…

Tão simples dizer quando perguntavam: Quem é sua avó? Respondo: Dona Dudu. E sempre ouço: ah, você é neta de Dona Dudu e do Sr. Dário?? Não acredito, eu gosto demais da sua avó, ela é tão boa!

Exemplo de amor e fé em Deus!!! Serva cristã fiel! Em todos os momentos dava graças a Cristo e pedia oração. Nas festas e comemorações sempre vinha ela com o sino na mão anunciando que era hora da reza.

Numa família gigante, com 15 filhos, 32 netos e 22 bisnetos, mais os agregados, era difícil manter a ordem, mas ela deixava isso nas mãos do Senhor! Família perfeita nunca tivemos, mas em todos os momentos ela nos ensinou a rezar e pedir a Deus com fé!

E nesse último mês foi o que nossa família mais fez, nós rezamos incessantemente para que Deus pudesse fazer o melhor para ela e para o meu avô!

O quanto ela foi especial nos fortalece nesse momento, o tanto de gente que me relatava que estava orando por ela, a quantidade de padres amigos que fizeram parte desse momento com as orações, nos fez sentir a força e o poder da bondade, da fé e do amor!

Tivemos a notícia de que ela voltou pro Pai! A única certeza é de que Ele a recebeu de braços abertos, junto a nossa mãezinha Maria, que esteve conosco em todos os momentos, e do meu Tio Eudes, muito amado, e pelo qual ela rezava todos os dias!

Minha avó é meu exemplo. Com ela aprendemos o que é fé, o que é Deus e o que é amor. Agora, é Ele que nos conforta nesse momento tão difícil!”

Thaís Martins Fernandes – neta de Dona Dudu e Sr. Dário

 

Não devem ser muitos os que chegam ao fim desta jornada com a sensação de dever cumprido. Tive a graça de conhecer umas poucas pessoas assim. Entre elas, Dona Dudu.

Com tanta simplicidade, humildade e fé, era bem capaz de ela achar que ainda faltava colocar mais um tanto de sonhos e projetos para funcionarem. Digo: bons sonhos, bons projetos. Era assim que ela pensava: no que era bom e que poderia fazer multiplicar a bondade.

Conheci Dona Dudu em 1984, quando um primo muito querido, cujas afinidades começavam com o banco imobiliário e se estendiam pelas peripécias na roça do nosso avô, se casou com uma das suas filhas: a Maira, ou Mairinha como sempre a chamamos, caçula das mulheres e penúltima dos filhos(as).

De repente, para escrever este texto, me surpreendo com uma descoberta. Desde que a conheço nunca ouvi ninguém a chamando pelo nome de batismo: Edwiges.

Sr. Dário e Dona Dudu – arquivo da família

Dona Edwiges Maria Barbosa e Silva Costa nasceu aqui pertinho, em São Gonçalo do Rio Abaixo – filha de Francisco Nestor da Silva e Isabel Eliziário Barbosa. Casou-se aos 16 anos, com o sr. Dário Martins da Costa. Desta união, foram gerados 19 filhos. Ainda conosco, 14 deles.

Para quem conheceu Dona Dudu, não é difícil ler a afirmativa: era uma Católica Apostólica Romana de carteirinha. Mas, mais do que isso, era uma cristã conhecedora do Evangelho – e deixou provas disso em cada ação, gesto, projetos e atitudes que sempre demonstravam a vivência diária da prática evangélica. Sem precisar de discursos, ainda que doutorada na arte de se expressar, seu legado maior talvez esteja mesmo no exemplo das obras.

Em 1963, substituiu a mãe como professora na Escola Padre Anchieta, em Olaria de Ipoema. Estando o prédio em ruínas, solicitou ao prefeito uma reforma geral do espaço, sendo atendida.

 

Motivada a instalar uma nova escola na Comunidade de Botica, conseguiu o apoio do então Secretário de Educação, José Antônio Sampaio. Em 1968, a escola começou a funcionar sob a direção de Dona Dudu e, um ano depois, conseguiu implantar a 4ª série do ensino fundamental, um feito inédito na zona rural de Itabira.

Sentindo necessidade de proporcionar aos filhos a continuidade dos estudos, a família se transfere para a área urbana da cidade. Aqui, em 1971, Dona Dudu inicia os trabalhos na campanha de alimentação escolar da prefeitura – atividade que exerceu até 1993, quando se aposentou.

Já em 1978, criou o Clube de Mães da Vila Santa Rosa e, pouco depois, a Associação dos Amigos do Bairro. Foi diretora executiva do grupo de escoteiros Padre Olímpio por 4 anos. Também em 1978, ingressou no 1º Encontro de Revisão Matrimonial de Itabira, permanecendo por 11 anos como coordenadora. Ao lado do marido continuou como membro deste movimento, sendo ativa, até o fim da vida, na Catequese de Noivos.

Foi fundadora da Associação Comunitária do Turvo e, em 1982, ao ingressar na política, foi eleita vereadora.

Incansável, nunca parou os trabalhos comunitários, sempre aberta a ajudar os mais necessitados e os que procuravam o seu auxílio. Colaboradora de várias paróquias da nossa cidade, era muito conhecida e querida entre os fiéis da Paróquia Nossa Senhora da Saúde.

Dona Dudu foi, sem dúvida, um modelo de compromisso, afetividade, serviço, disponibilidade, entrega, doação, dedicação à família, ao próximo e à Igreja.

Em meio a tantas dificuldades já enfrentadas pela pandemia, muitas famílias ainda tiveram que se despedir de entes queridos. Dona Dudu foi uma que partiu, aos 81 anos. Internada no dia 2 de novembro, ela não resistiu e nos deixou no dia 30/11, dia do apóstolo Santo André.

Voltou para a casa do Pai, nos deixando o exemplo de caminhada e muita saudade.

 

Liliene Dante

 

Fotos cedidas pela neta Thaís que é Ministra Extraordinária da Sagrada Eucaristia na Matriz Nossa Senhora da Saúde

 

Obs.: Sr. Dário, marido de Dona Dudu, foi internado um dia depois dela (3/11) e continua hospitalizado. Rezemos por ele e por toda a família.

 

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