“Ave cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Lc 1,28)
Todos os anos é comum em nossas comunidades, durante o mês de maio, refletirmos sobre o papel de Maria no plano de Deus. A mensagem central do Novo Testamento é Jesus, o Cristo. Os Evangelhos recordam os principais fatos e palavras de Jesus, à luz da ressurreição do Senhor e da atuação do seu Espírito na comunidade. Maria sempre aparece nos Evangelhos em referência a Jesus e à comunidade de seus seguidores.
Maria é peregrina na fé. O sim, pronunciado na juventude, se renova muitas vezes no decorrer da sua vida. Ela passa por crises e situações desafiadoras, que a fazem crescer e caminhar sempre mais na adesão ao Senhor. Ela também nos recorda que Deus escolhe preferencialmente os simples e humildes para iniciar o Reino de Deus.
Maria é perseverante na fé até o fim. Maria aparece no início da missão de Jesus, em Caná (Jo 2,1-11), e faz parte do pequeno grupo que, mesmo em meio à perseguição e crucificação de Jesus, permanece fiel. Ela é corajosa discípula de Jesus.
Maria é “Discípula-Mãe”. Ela leva os servidores a realizar o que Jesus lhe diz, mas ao mesmo tempo, nos ensina atitudes de disponibilidade ao Reino de Deus e sensibilidade para com os pobres e pecadores.
Assim, os traços de Maria inspiram atitudes de vida de cada cristão e da Igreja. Sentimo-nos chamados a ser discípulos fiéis de Jesus, ouvindo, acolhendo, guardando no coração e praticando sua Palavra. Maria é um convite a renovarmos nosso sim em meio às crises por que passamos. Ela nos ensina que um coração alimentado por Deus sabe ser agradecido por tantas dádivas que Ele dispensa em nosso meio. Um coração repleto de dons recebidos se empenha pela construção de uma sociedade justa e solidária, construindo o projeto de Deus para o mundo.
Sabemos que há uma ligação única entre mãe e filho, donde, não é possível separar Nossa Senhora de seu Filho Jesus Cristo. Esta é a grande razão pela qual ela ocupa um lugar tão importante na Igreja. Maria é modelo de atenção, de disponibilidade e de amor a Jesus Cristo. Acompanhou o seu Filho até consumar sua obra. Tal fidelidade custou-lhe muito sofrimento. Maria recebeu muito de Deus, mas também soube dar a Ele tudo o que tinha recebido. De nós, ela só quer uma coisa: que nós nos encontremos com seu Filho Jesus, pois Jesus é o único Mediador, Senhor e Salvador.
A narrativa do casamento em Caná da Galileia nos apresenta uma segunda missão maternal de Maria. Ela é intercessora. Todo coração materno, à imagem do Deus amoroso, deseja o melhor para seu filho e, em razão disso, se for necessário, pede, suplica, intercede. No alto da cruz Jesus confiou à Maria a missão da maternidade universal, na pessoa do apóstolo João, com as palavras: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,25). Tal função maternal de Maria, de modo algum obscurece ou diminui a única mediação de Cristo, pelo contrário, manifesta a sua eficácia, porque um só é o mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus (cf. Vaticano II, Lumen Gentium 60).
Aproveitemos este mês para intensificarmos nossa devoção a Nossa Senhora rezando com o santo terço. O Terço sempre foi a oração dos simples e pequenos. Mas isso não quer dizer que seja uma oração exclusiva dos pobres e dos iletrados, mas de todos os que desejam fazer-se humildes diante da presença de Deus. Não se trata de uma fórmula com altos conceitos teológicos e complicados, mas de uma repetição simples e passiva diante dos mistérios do Senhor Jesus. Neste sentido, os Sumos Pontífices, ao longo da História, não somente incentivaram todo o povo de Deus a meditar a oração do Terço, mas eles mesmos cultivaram este método de oração em sua vida espiritual. São João Paulo II afirmou várias vezes: “O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa!”
Ao pronunciarmos as Ave-marias, permitamos que tais palavras se tornem como um mantra em nosso coração. Deste modo, poderemos saborear a quietude e o silêncio que, às vezes, é difícil encontrar através de uma oração mais racional. Redescobrir a oração do Terço pode ser um poderoso caminho para encontrar aquela Paz que somente o Senhor pode nos oferecer. Deste modo, quando pronunciamos as palavras do Anjo Gabriel encontramos uma via segura para configurarmo-nos a Cristo com a presença de Maria.
Meu irmão, minha irmã, no segundo domingo deste mês comemoramos, com muita gratidão, o Dia das Mães. A maternidade envolve a pessoa e sempre determina uma relação única entre duas pessoas: da mãe com o filho e do filho com a mãe. Mesmo quando uma só mulher é mãe de muitos filhos, sua relação pessoal com cada um deles é única.
Parabéns a você, Mãe! Que a Virgem Maria, nossa Mãe comum, seja-lhe o modelo perfeito de mãe, esposa, filha, mestra, trabalhadora e consagrada! Que Ela a cubra com o seu manto sagrado e lhe conceda muita saúde, alegria, amor e paz!
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano
Fonte: Diocese de Itabira