Dom Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M. é natural Forquilhinha – Santa Catarina, frade e sacerdote franciscano brasileiro, segundo bispo da Prelazia de São Félix, de 2005 a 2011. Atualmente é o Arcebispo Metropolitano de Manaus. Em 29 de maio de 2022, o Santo Padre anunciou a sua criação como cardeal da Santa Igreja Romana.
Marília Siqueira, Silvonei José
Dom Leonardo Steiner esteve recentemente em Roma para a visita ad Limina Apostolorum juntamente com os bispos do Regional Noroeste e Norte 1 da CNBB região da Amazônia. Durante o período da visita o novo cardeal conversou com Vatican News.
O Santo Padre não esquece o povo da Amazônia!
Durante a conclusão do Regina Coeli, no domingo, 29 de maio 2022, o Papa Francisco anunciou a nomeação de novos cardeais para a Igreja. Entre eles, dois brasileiros, dom Leonardo Steiner e dom Paulo Cezar Costa. O consistório será no dia 27 de agosto, na Basílica de São Pedro.
Sobre está nomeação Dom Leonardo nos relatou: “é uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e de cuidado do Papa Francisco para com toda Amazônia. Com a nomeação muitos fiéis da Amazônia afirmaram que o Papa não se esquece do povo que ali está. Percebo que a nomeação a ser cardeal confirma esses bons afetos do Santo Padre pela Amazônia, somos agradecidos por este carinho.
Em se tratando da colaboração que posso dar ao Santo Padre é justamente fazer com que a Amazônia seja lembrada, pois em alguns momentos o Papa sempre nos lembra que esta parte do Brasil está sempre em seu coração. Queremos corresponder a este cuidado do Santo Padre.”
Ser um pouco da voz de Francisco!
Os cardeais da Santa Igreja Romana constituem um Colégio peculiar a estes são confiadas a missão de ajudar ao Romano Pontífice, principalmente no cuidado cotidiano pela Igreja universal. Sobre ser a voz de Francisco, o bispo diz:
“Em ser um pouco da voz de Francisco penso que preciso ecoar no mundo inteiro dois aspectos: Primeiro a nossa preocupação: os bispos estão preocupados com a situação da Amazônia. O momento é de tensão, possui agressões e mortes. Segundo a beleza da Amazônia: a generosidade de um povo acolhedor e profundamente religioso.
Em meio as tensões que vivemos não podemos esquecer das características dos povos. A cultura e a acolhida dos povos indígenas carecem ressoar no mundo. É certo que a agressão não veio da Amazônia, mas de fora. A agressão aos índios e ao território da Amazônia vem vindo de séculos, mas o povo não é agressivo e sim acolhedor. Estas belezas e grandezas precisam vim à luz, bem como a preservação das culturas, poesias e das línguas.
Sonhar com o Papa Francisco!
Em outubro de 2019 um grande momento da Igreja no Brasil foi o Sínodo para Amazônia. Um momento que dom Leonardo ainda acompanha pois em particular a Igreja presente no território da Amazônia vive o pós Sínodo.
“Nós queremos sonhar com o Papa Francisco, os sonhos na Sagrada Escritura nos indicam o futuro, como na vida de São José, os sonhos lhe deram direção. Assim também os sonhos do Papa Francisco nos indicam o caminho a ser trilhado. É um caminho exigente pois o Documento Querida Amazônia nos oferece uma hermenêutica, em se tratando que o documento possui quatro direções e precisamos levar em conta todas as dimensões. Como a fé e o evangelho transforma e leva em consideração todas as circunstâncias, nós também não podemos deixar nada deste documento para trás. O sínodo nos abriu um caminho é preciso tempo para construir este caminho, não será de um dia para o outro.
Há um esforço das Igrejas em território da Amazônia para viver o Sínodo. A arquidiocese de Manaus vive o processo de assembleia sinodal. Trata-se de ouvir as comunidades, realizar sínteses, elegermos os representantes de diversos setores e logo após estes participarão do momento de conversas e encaminhamentos. Estamos realizando este processo a partir dos elementos apresentado pelo Sínodo e pelo Santo Padre. Espero que desta assembleia sinodal obtenhamos melhor uma visão da Arquidiocese e que as pequenas comunidades nos digam que tipo de presença devemos ser onde estão localizadas.” Disse o novo cardeal.
O Rito Amazônico!
Outro tema tocado desde o Sínodo é o Rito Amazônico, sobre este dom Leonardo descreve: “A CEAMA (Conferência Eclesial da Amazônia) que foi aprovada pela Papa, criou diversos grupos de discussões e reflexões. Uma destas reflexões a se realizar é sobre o Rito Amazônico, ao qual eu faço. A primeira ênfase a se refletir é que não seja apenas um rito que se trata de liturgia pois quando citamos “rito” estamos observando algo de complexidade maior. O rito é um modo de ser Igreja. E neste modo de ser Igreja que devemos expressa-lo com o rosto da Amazônia. Mas possuímos tantos rostos na Amazônia, por exemplo: existe o perfil dos povos originários, mas também inúmeras pessoas nas realidades urbanas, a nossa reflexão deve ser: como incluir todos estes elementos em consideração para que se expresse um rito como o rosto da Amazônia?
Considero importante um rito aos povos originários, isto é, um modo ser Igreja! Onde colhemos elementos importantes de suas vidas como o da cultura, língua e música. Mas não se considera um trabalho fácil pois precisa de diálogo e colaboração.
Um rito Amazônico não significa o que se fez na África, apesar de ser extraordinário o que foi feito, mas no rito Amazônico observamos que teremos mais elementos, como os outros ritos que possuem a Igreja Católica.
O rito Amazônico é um desejo do Papa Francisco, foi um anseio do Sínodo e marcante no documento Querida Amazônia.
Para concluir o arcebispo de Manaus considera o espírito de comunhão na visita ad Limina Apostolorum como importante passo dado no pontificado do Papa Francisco: “O espírito de comunhão, isto é, escutar e dialogar. A partir do Santo Padre este espírito de comunhão está presente.”
Fonte: Vatican News