Dia de Finados: não é sobre a morte, é sobre a vida eterna!

Arranjo de flores sobre jazigo no Cemitério do Cruzeiro em Itabira/MG - 02/11/2023 - Foto/Pascom

“Eu sei que meu Defensor está vivo e que no fim se levantará sobre o pó: quando tiverem arrancado esta minha pele, fora de minha carne verei a Deus”. (Jó 19,25s)

 

Face a face: você e Deus!

Esta deve ser a motivação de cada cristão: cumprir a jornada com êxito para, finalmente, pegar o “trem” numa última viagem.

Agora, de volta para casa.

Não é sobre a morte, é sobre a vida

Embora o nome “oficial” da solenidade seja Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos e isso, claramente, nos remeta à morte… Há muitas outras verdades da fé cristã nas quais podemos (e devemos) nos apegar. Como disse Jesus: “Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos” (Mt 8,22).

Sempre há tristeza nas despedidas – se dói deixar entes amados quando voltamos de um passeio de férias, que dizer sobre uma despedida que parece tão definitiva. De certa forma, é mesmo!

“Jesus chorou. Diziam, então, os judeus: ‘Vede como ele o amava!’” – Jo 11,35. Até Cristo, íntimo do Pai, chorou pela morte do amigo e pela tristeza das irmãs de Lázaro.

Apesar deste exemplo, que tanto diz da proximidade de Jesus com a condição humana, o Mestre seguiu.

O tom que damos ao dia de finados é muito pessoal. Cada um o colore ou acinzenta como quer. Saudade é demasiadamente pesada para alguns, da mesma forma que soa como sopro do que é bom para outros.

Ailde Francisco Figueiredo limpando o jazigo dos pais no Cemitério do Cruzeiro – 02/11/2023 – Foto: Pascom

“Nuns” dez minutos de prosa com Ailde Francisco Figueiredo, a gente logo percebe quais tons de cores ele escolhe usar neste dia. “Todo ano eu venho, não posso me esquecer. Eles nunca se esqueceram de mim. Fizeram tudo por mim. Saudade e também gratidão é o que sinto” – diz ele.

Com vassoura na mão, esfregava o jazigo em cuja sepultura estão enterrados seu pai e sua mãe. Na fala educada e com o semblante sereno, completa: “Deus precisou deles mais cedo, mas o legado que eles deixaram para mim ninguém tira”.

O que pode soar mais impressionante é saber que toda essa afetividade e respeito pelo Criador não foram fragilizados pela morte violenta do pai, que foi assassinado. “Nunca descobriram os culpados. Mas Deus sabe o que faz. Talvez, se soubéssemos quem foi, o desejo de vingança surgisse”.

Suely Oliveira Maciel rezando o Ofício das Almas diante do túmulo da família – Cemitério do Cruzeiro (02/11/2023) – Foto: Pascom

Outra pessoa que bem escolhe as cores para um dia que amanheceu nublado, com uma chuvinha fina na parte da manhã, é Suely Oliveira Maciel.

No Cemitério do Cruzeiro, em Itabira, estão enterrados neste mesmo túmulo seus avós, pais, tias e até uma amiga da família.

“Não venho com tristeza. O dia 2 de novembro é só mais uma oportunidade de rezarmos por eles. Minha família recebe orações todos os dias, na Santa Missa e no Santo Terço. Este é só mais um dia que nos oportuniza lembrar de rezar pelas almas”. E Suely completa: “Quem sabe o que é ser católico já reza pelas almas sem precisar de uma data”.

Padre Paulo Marcony na celebração da Santa Missa de Finados no Cemitério do Cruzeiro (02/11/2023) – Foto: Pascom

Santa Missa

Na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, a primeira Santa Missa da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos foi celebrada pelo pároco, Padre Paulo Marcony, no Cemitério do Cruzeiro, às 9h30 da manhã.

Nem o tempo nublado e o vai e vem de uma chuvinha fina impediram os fiéis de saírem de casa.

Duas tendas, com dezenas de cadeiras, foram montadas na rua ao lado do cemitério, espaço mais adequado e que oferece maior comodidade, sobretudo para os idosos.

A preparação do local e da liturgia do dia envolveram representantes das três comunidades paroquiais: Matriz Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora da Conceição.

Durante a homilia, Padre Paulo usou uma fala já bem conhecida dos paroquianos: “Saudade sim, tristeza não!” Ressaltou que Deus jamais abandona aqueles que Nele confiam e é por isso que podemos buscar consolo também na Palavra.

Ao falar do Evangelho (Jo 12,23-28), destacou: “Nós peregrinamos neste mundo. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. Mas, tal como a semente de trigo que ao morrer produz muitos frutos, também nós deixamos nosso legado. Enquanto peregrinamos aqui devemos permanecer unidos a Cristo, como peregrinos rumo à vida eterna. Quem partiu já terminou a missão. Quem fica, continua a missão!”

Apeguemo-nos às palavras Daquele que venceu a morte e está sentado à direita do Pai: “Quem ama a sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. (…) onde estou eu, aí também estará o meu servo” (cf. Jo 12,25s).

 

Liliene Dante

 

Fotos da Santa Missa e dos fiéis no Cemitério do Cruzeiro estão disponíveis na página da Paróquia no Facebook e no Instagram.

 

 

 

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