Deus está nos detalhes

Há um provérbio que sempre me incomodou: “O diabo mora nos detalhes”.

Nunca me pareceu “justo” atribuir ao opositor a beleza que reside em muitos detalhes da nossa breve existência neste planeta. Então, numa destas pesquisas pela internet, achei uma explicação que, talvez por conveniência, tenha tomado como certa.

O provérbio original seria: “Deus está nos detalhes” – há controvérsias sobre a sua autoria, mas acredita-se que seja alemã.

A Santa Missa

É possível que você esperasse que eu falasse do quão linda foi a celebração do dia 20 de outubro na Matriz Nossa Senhora da Saúde. A igreja enfeitada, com arranjos belíssimos. A toalha branca reluzindo no altar. As vestes sacerdotais impecáveis!

Mas todos nós sabemos o que é uma Santa Missa – do início ao fim!

Então, você já imagina o que aconteceu. Atribua à sua imaginação um tanto a mais de alegria, e terá um vislumbre do que foi a Missa em Ação de Graças pelos 7 anos de ordenação do Padre Paulo Marcony.

Os Detalhes

Foi São Paulo quem nos “alertou”: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4) e “(…) regozijai-vos no Senhor” (Fl 3,1).

A alegria cristã escancara o Evangelho. Reflete a melhor parte daquilo que Deus soprou sobre cada um de nós. Nos aproxima do Pai ao nos tornar cúmplices da alegria do irmão(ã) – e nos faz perceber que apenas a alegria em Deus é completa e perene.

O Evangelho se escancara, por exemplo, num abraço. Mesmo que nos bastidores. São em detalhes assim que Deus quer fazer morada.

No privilégio, em função da pandemia, de residir na casa paroquial junto com o Padre Paulo, talvez o Diácono Márcio tenha sido um dos poucos a poder espremer num abraço o homenageado do dia. Respeito, carinho, amizade. Um abraço tão apertado que o padre ficou vermelho.

Não menos detalhes vieram do próprio bispo Dom Marco Aurélio Gubiotti. A figura do “episcopado” na Igreja Católica é bem diferente da figura do “presbiterado”. Embora as denominações se misturem na caminhada – ninguém chega ao bispado sem antes ter impresso o ‘título’ de padre -, a relação com o povo de Deus difere um tanto bom para cada caso.

Assim foi que Dom Marco cedeu a presidência da celebração ao Padre Paulo. Um detalhe que a gente ouviu nas primeiras frases da missa; mas que muitos não devem ter apreendido. Porque há imponência no gesto de ceder, reflexo da grandeza evangélica da humildade, do despojamento, do desprendimento da autoridade num momento tão especial para aquele irmão de caminhada. Ver o bispo sentado ao lado, dividindo com o diácono o espaço de pares do padre, um à direita e outro à esquerda, é detalhe com direito a afago de Deus. São os três graus da ordem de ‘mãos dadas” para a glória do Pai.

Dom Marco também falou sobre a ordenação de Padre Paulo. Outro detalhe que pode ter passado despercebido. Não a explicação, porque essa todos nós ouvimos. Mas o que veio no tom da voz, no gestual de olhar diretamente para o nosso pároco, de dizer, ainda que na seriedade das palavras, como foi difícil a escolha de assumir o seu ministério de bispo e fazer a ordenação – já que Dom Odilon foi aquele que acompanhou toda a trajetória do Padre Paulo. Aqui, mais do que fazer valer a autoridade, assumiu o nosso bispo a responsabilidade de imprimir no primeiro padre que ele ordenou, a ideia de pertença – no sentido de aconchego de pai -, à nova caminhada.

Outros tantos detalhes imprimiram características palpáveis do Evangelho à celebração. A leitura, salmo e prece do dia foram feitos por representantes das três comunidades paroquiais, num gesto claro de comunhão. Ainda que não proposital, o coral também refletiu essa unidade, bem como a assembleia que reuniu pessoas da Conceição, Fátima e Matriz.

Familiares, amigos, pessoas de outras paróquias pelas quais o Padre Paulo passou, marcaram presença ajudando a compor os detalhes de uma celebração que, assim como tudo na vida, jamais se repetirá.

E foi de lá, da presidência do presbitério, que Padre Paulo, assumindo a sua paternidade para com todo o povo a ele confiado, se voltou para a família enlutada que celebrava o 7º dia do ente querido.

Não à toa, Deus é onipresente: na alegria e na tristeza. Dois detalhes que, não raro, celebramos em uma mesma missa.

Toda alegria nos leva a Deus

A alegria maior, com certeza, estava a palpitar no mais íntimo do Padre Paulo – praticamente sorrisos durante toda a missa. As outras alegrias, a minha e a sua, foram coadjuvantes.

Mais do que celebrar 7 anos de ordenação, imagine como deve ser para o celebrante alegrar-se pelos 7 anos de uma escolha acertada. Quantos de nós ainda caminham em busca de um trajeto?

“Alegrai-vos sempre no Senhor!” Porque apenas Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida – “e tudo mais vos será acrescentado” (cf Mt 6,25-34).

 

Liliene Dante

 

As fotos da celebração estão disponíveis em nossa página no facebook. Acesse: facebook.com/pnssitabira/

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