Por Dom Antônio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar na Arquidiocese de Belém/PA
Introdução
A assimilação da mentalidade sinodal deve envolver todos os sujeitos eclesiais (pessoas e organizações) em todos os níveis e expressões da Igreja. Não há Igreja sinodal, todos caminhando juntos e em comunhão, se cada pastoral, grupo, movimento, serviço, o clero e a vida consagrada andarem por própria conta. Cada sujeito eclesial deve fazer o próprio esforço para expressar com o seu modo de pensar e agir a sua consciência de comunhão e sinodalidade.
Acontece a negação da sinodalidade, não só quando um sujeito assume um movimento contrário ao da Igreja, de afronta ou rejeição, mas também quando se ostenta uma postura de indiferença, surdez, isolamento, ignorância, neutralidade, apatia, descaso, desinteresse, omissão, diante dos clamores da Igreja através dos seus pastores e magistério.
Se por um lado essa questão interessa a todos os sujeitos eclesiais em todos os níveis, devemos dar especial atenção à promoção da pastoral juvenil por causa do processo de amadurecimento dos adolescentes e jovens. A experiência do protagonismo juvenil, que é um compromisso do acompanhamento pastoral dos jovens, deve ser bem-entendido e, para ser verdadeiramente autêntico, não deveria ser confundido com independência. Quando uma expressão juvenil, movimento ou grupo de jovem, reivindica um suposto direito de ser protagonista assumindo uma postura doutrinalmente conflitante com aquilo que pensar e ensina o Magistério da Igreja, está negando o senso sinodal e a mentalidade de comunhão.
O Setor Juventude da CNBB nasceu a partir do reconhecimento da existência da pluralidade de carismas e organizações juvenis na Igreja em nível nacional: “Há uma multiplicidade de experiências na evangelização da juventude no Brasil, cada uma com sua organização e espaços de formação e atuação. Há necessidade de uma instância mais ampla — Setor Juventude — para unir e articular forças num trabalho de conjunto, à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todas nascem da necessidade de organizar, planejar e avaliar a ação evangelizadora, tanto na comunidade como nos diferentes meios em que os jovens vivem. Têm sua própria mística, metodologia, identidade e organização” (CNBB. Doc. 85, N. 193).
Essa diversidade de esforços pela evangelização da juventude é uma grande riqueza, mas para que seja mais significativa é preciso que cada organização perceba o que há em comum, como o fato de participarmos da mesma Igreja, movidos pela mesma fé, corresponsáveis pela mesma missão. Isso é possível quando há organização, planejamento, formação para a espiritualidade da comunhão.
A vida pastoral se organiza a partir da base, “gerando um processo dinâmico de comunhão e participação e criando estruturas de coordenação, animação e acompanhamento que permitem o intercâmbio entre as experiências que se realizam nos diferentes níveis da Igreja” (CNBB. Doc. 85, N. 189). Por isso é necessária a promoção da espiritualidade da comunhão fraterna e do testemunho de unidade (cf. CNBB. Doc. 85, N. 123).
Essa consciência de comunhão, participação, sinodalidade, corresponsabilidade para com a missão da Igreja motiva o trabalho em conjunto de todos os carismas sempre em comunhão com as orientações específicas do bispo diocesano (cf. CNBB. Doc. 85, N. 195)
O Papa Francisco nos oferece algumas reflexões inspiradoras para a promoção de uma pastoral juvenil sinodal. “A pastoral juvenil só pode ser sinodal, ou seja, capaz de dar forma a um «caminhar juntos» que implica «a valorização – através dum dinamismo de corresponsabilidade – dos carismas que o Espírito dá a cada um dos membros [da Igreja], de acordo com a respetiva vocação e missão. (…) Ninguém deve ser colocado nem deixado colocar-se de lado» (Christus Vivit, 206).
Como consequência, é preciso atenção para que não haja nas paróquias, comunidades e dioceses um clima mono-carismático. Deve-se evitar uma simpatia carismática que eleva a uns e deprecia a outros. ”A Igreja oferece muitos e variados espaços para viver a fé em comunidade, porque, juntos, tudo é mais fácil” (Christus Vivit, 164). Mas é preciso consciência de fé: “o melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo” (Christus Vivit, 201).
Vejamos alguns compromissos importantes que podem ajudar na promoção de uma pastoral juvenil autenticamente sinodal:
Enfim, a experiência da sinodalidade não depende somente de uma organização pastoral, mas é fruto da cultura da pastoral de conjunto. Por isso, todos os sujeitos eclesiais tem a mesma responsabilidade para com a promoção da comunhão, participação e caminho na mesma direção.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
Fonte: CNBB Norte 2