Nos primeiros séculos do cristianismo, as Comunidades de fé se reuniam pelas casas. Muitas vezes eram nobres ou pessoas abastadas que colocavam suas casas a serviço da Comunidade de fé. Estas Comunidades cristãs eram chamadas de Igreja, isto é, ecclésia ou ecclesía. O lugar, onde os fiéis se reuniam, era chamada domus Ecclesiae, isto é, a casa da Igreja, comunidade convocada por Deus. Lá eles se reuniam para a oração e, sobretudo, para a Fração do Pão, ou seja, para a Celebração da Eucaristia. Mais tarde, a casa onde os cristãos reuniam, começou a ser chamada de igreja.
A igreja-edifício tem suas origens na compreensão do templo. Templo é a morada de Deus entre os homens. Era o espaço separado do profano, reservado para a divindade. Este conceito também se encontra na prática religiosa do Povo de Israel. O Templo de Jerusalém era a morada de Deus no meio do seu povo. Por isso, um santuário.
Muito cedo os cristãos rejeitaram o culto a Deus no Templo. Compreenderam que o verdadeiro templo de Deus era Jesus Cristo. No mistério da Encarnação Deus armou a sua tenda entre os homens. Jesus mesmo ensina que o verdadeiro templo é o seu Corpo: Podeis destruir este templo e em três dias o hei de reconstruir”. Os discípulos compreenderam que ele falava do seu corpo, que dentro de três dias haveria de ressuscitar (cf. Jo 2,19-22).
Também o cristão como morada de Deus, morada do Espírito Santo, constitui um santuário, templo ou morada de Deus. São Paulo afirma: “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós” (1Cor 3,16-17). O Corpo místico de Cristo, a Igreja, é verdadeiro templo de Deus. São Paulo diz ainda: Vós sois o edifício de Deus, a construção de Deus (cf. 1Cor, 3,9). São Pedro tem uma afirmação semelhante: “E vós também, como pedras vivas, tornai-vos um edifício espiritual e um sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitos por Deus através de Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Cada cristão e a comunidade cristã como um todo é, pois, templo de Deus, casa de Deus.
A partir de Jesus Cristo, a igreja como edifício é o lugar do encontro da Igreja, construção formada pelos membros do Corpo de Cristo. Os elementos arquitetônicos da igreja-edifício hão de constituir um conjunto harmonioso, assim como os diferentes membros da Igreja formam o único Corpo de Cristo. No espaço celebrativo da Igreja, tudo deve falar do Corpo da Igreja, do sagrado, do santo. Todo o espaço da igreja, sua forma, sua organização, sua decoração e ornamentação, tudo ajuda a celebrar. A beleza do conjunto é linguagem dos mistérios celebrados, tendo no centro o Mistério pascal. O espaço é sagrado porque revela e é linguagem comemorativa da Obra da Salvação em Cristo Jesus. Tudo deve ser belo e asseado e exalar agradável perfume.
O altar, que “é Cristo”, será o centro de todo o espaço sagrado. A mesa da Palavra será artística. A cadeira do Presidente será centro de unidade de toda a assembleia, em torno do Cristo sacerdote no altar e no ambão. A cruz junto ao altar, de preferência, a cruz processional, recorda aos fiéis que na Liturgia a Igreja celebra sempre o mistério da Salvação da Cruz e Ressurreição do Senhor.
Nada de sobreposição de elementos, de imagens multiplicadas; nada de cartazes obscurecendo a arquitetura do espaço, o altar, o ambão, as paredes frontais ou laterais da igreja. Tudo, formando um harmonioso conjunto. Então também o espaço sagrado fará parte do rito celebrativo, será símbolo do mistério pascal celebrado na Liturgia.
Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia /Frei Alberto Beckhäuser