“E o teu pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa” (Mt 6,4)
Talvez a Quaresma seja o tempo em que os cristãos se tornem mais intimistas. Tudo nos convida a isso e afirma, com a força que a conversão exige, que é preciso silenciar-se um tanto mais para alcançar o certo e errado dentro de si, num diálogo franco com o Pai. E, para fora, há um clamor de silenciar o que fere o outro, como o preconceito, as fofocas, as mentiras, as intrigas…
A Quarta-feira de Cinzas abre este caminho com uma certeza inquestionável: morreremos! O corpo moldado a partir da argila do solo, ao solo retornará – “Lembra-te de que és pó, e ao pó hás de voltar”.
As cinzas, fruto da queima dos ramos do Domingo de Ramos, nos recordam a perenidade desta vida e nos convidam a ter um olhar para o “adiante”, para aquele encontro que há de determinar o nosso verdadeiro futuro: o encontro com o Cristo Ressuscitado.
É para este momento, o da Páscoa, que a Quaresma nos convida e nos guia. Orienta-nos, tal como as palavras de Jesus, a ocultarmos as extravagâncias, o egocentrismo e a valorizar aquilo que o Pai valoriza e busca encontrar em nós, sobretudo a verdadeira caridade: “Quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens” (Mt 6,2).
Celebração da Quarta-feira de Cinzas nas Comunidades
Ao longo do dia foram quatro celebrações.
A primeira aconteceu na comunidade Matriz Nossa Senhora da Saúde, às 7h30 da manhã, e reuniu no templo tantos fiéis quanto o permitido em tempos de pandemia. Todos os espaços autorizados ficaram ocupados e aquele olhar circunspecto – tão característico no Tempo Quaresmal –, retomou seu lugar na face dos fiéis.
A tradicional cor roxa, que veste este tempo litúrgico, naturalmente muda e dita o “tom” das celebrações para os próximos 40 dias. Um ar mais solene paira sobre todos nós.
Às 10h, a Santa Missa de cinzas foi celebrada na comunidade Nossa Senhora de Fátima – onde os fiéis também tiveram que assegurar um lugar conforme o distanciamento social exigido. O mesmo acontecendo na comunidade Nossa Senhora da Conceição, cuja Celebração Eucarística aconteceu às 17h30.
A última celebração do dia foi na Igreja Matriz, às 19h30. Todas foram presididas pelo pároco padre Paulo Marcony Duarte Simões.
Durante as missas, Pe. Paulo falou sobre a Campanha da Fraternidade 2022, que tem como tema “Fraternidade e Educação” e como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”. O pároco destacou a pessoa de Jesus Cristo “como o grande mestre e educador por excelência” e ressaltou a importância de todos “se empenharem para a promoção de uma educação integral e humanizada”.
Na homilia, o pároco retomou alguns trechos das leituras do dia, enfatizando os aspectos espirituais necessários para uma frutuosa caminhada quaresmal e reforçando a importância das práticas recomendadas para este tempo:
“Este é um tempo propício para o arrependimento das faltas. Mas é preciso não ter medo de olhar para elas, mas confiar plenamente na misericórdia de Deus. O jejum e a penitência, de coração, nos aproximam da misericórdia do Pai. Quando nos arrependemos sinceramente, o Senhor vem em nosso socorro.”
E ao refletir sobre o Evangelho, Pe. Paulo acrescentou: “O bem que realizamos pelo próximo, só Deus precisa saber. Neste caminho, é preciso reconhecer a pequenez dos nossos sacrifícios (jejum e abstinência) diante do sacrifício maior de Jesus por nós”.
Liliene Dante
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