Como Jesus experimenta Deus

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por José Antonio Pagola

 

Jesus não queria que as pessoas da Galileia imaginassem Deus como um rei, um senhor ou um juiz. Ele o experimentava como um pai incrivelmente bom. Na parábola do “pai bom” mostrou-lhes como ele imaginava Deus.

Deus é como um pai que não pensa em sua própria herança. Respeita as decisões dos filhos. Não se ofende quando um deles o considera “morto” e lhe pede sua parte da herança.

Com tristeza ele o vê partir de casa, mas nunca o esquece. Aquele filho sempre poderá voltar para casa sem temor algum. Quando um dia o vê chegar faminto e humilhado, o pai “se comove”, perde o controle e corre ao encontro do filho.

Esquece-se de sua dignidade de “senhor” da família e o abraça e beija efusivamente como uma mãe. Interrompe a confissão do filho para poupar-lhe mais humilhações. Ele já sofreu bastante. Não precisa de explicações para acolhê-lo como filho. Não lhe impõe nenhum castigo. Não exige dele um ritual de purificação. Nem sequer parece sentir necessidade de manifestar-lhe o perdão. Não é necessário. Nunca deixou de amá-lo. Sempre procurou para ele o melhor.

Sua preocupação é que seu filho se sinta bem novamente. Dá-lhe de presente o anel da casa e a melhor veste. Oferece urna festa a todo o povoado.

Haverá banquete, música e danças. Junto ao pai, o filho deverá conhecer a festa boa da vida, não a diversão falsa que procurava entre prostitutas pagãs.

É assim que Jesus sentia Deus e assim o repetiria também hoje aos que vivem longe dele e começam a ver-se como que “perdidos” na vida. Qualquer teologia, pregação ou catequese que esquece esta parábola central de Jesus e impede de experimentar Deus como um Pai respeitoso e bom, que acolhe seus filhos e filhas perdidos oferecendo-lhes seu perdão gratuito e incondicional, não provém de Jesus nem transmite a Boa Notícia de Deus que ele pregou.

Fonte: Franciscanos


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

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