Chegada do esperado

Foto de Vanesa Guerrero em Cathopic

Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

Tendo chegado o fim dos tempos, Jesus nasce em Belém, da Judeia. Houve um momento rico de anúncio, que percorreu todo o Antigo Testamento, e chamamos de primeiro tempo, revelador das figuras apresentadas pelos profetas. Natal é esse “divisor de água”, que constitui o início de uma nova configuração da história, no acontecimento Jesus Cristo, o encontro do divino com o humano.

Celebrar Natal é inaugurar novo tempo, em que deve reinar a sacralidade do amor e da paz. Houve o período das figuras, com o anúncio dos profetas. Houve o tempo do acontecimento, com os fatos da vida pública e terrena de Jesus. Com a ascensão do Senhor, sua ação acontece como sacramento. Significa que a construção do Reino de Deus depende da ação de todas as pessoas de boa vontade.

O reinado sacramental de Jesus, hoje, não se faz com força militar e nem com poder político, mas sim com a capacidade divina de construir o bem e a paz no coração de todas as pessoas. Está incluída também nessa missão estabelecer, na vida das comunidades, a relação fraterna de comunhão entre os humanos, de convivência respeitosa para com a natureza e de assentimento para com Deus.

A mensagem de Natal vem sempre recheada de esperança, mesmo numa realidade que afronta a vida das pessoas, tanto dos ricos como dos pobres, sendo esses últimos os mais sacrificados e descartados por uma cultura que está pouco preocupada com a vida e a dignidade das pessoas. Mas isso não deve tirar de nós o sonho de uma vida melhor, porque Deus não falha em seu projeto de Reino.

 As festas natalinas são espaços de encontros e reencontros entre as pessoas, os amigos, as famílias e as diversas comunidades. Essas práticas ficam empobrecidas quando não acontece o encontro com Deus, na Pessoa do Menino Jesus ao nascer no coração de quem permite que isso aconteça na vida. Encontrar-se com Deus é viver o verdadeiro dinamismo do amor e da justiça para construir o bem.

Não podemos descartar simplesmente a bela oportunidade de união entre as pessoas, podendo criar proximidade e convivência fraterna. Daí surge o compromisso de construir um mundo melhor e de acordo com o projeto de Deus. Projeto que exige o fim das opressões, das injustiças, da fome e de todos os sofrimentos que impedem a alegria na vida de quem procura amar a Deus.

Fonte: CNBB

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