Celebração na Catedral Diocesana marca o Jubileu Áureo de ordenação presbiteral de Dom Odilon

Ele tem 80 anos e há 50 se entregou à missão de pastorear o rebanho do Senhor. Ordenado padre em 23 de janeiro de 1969, na cidade de São João do Oriente/MG, Dom Odilon Guimarães Moreira escreveu sua história sacerdotal ao longo de uma caminhada peregrina. Atuou em várias cidades mineiras até a sagração episcopal em outubro de 1999 quando, no mês seguinte, foi empossado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória, no Espírito Santo.

Em 2003 voltou à Minas como Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano. Permaneceu à frente da Diocese até fevereiro de 2013 quando apresentou sua renúncia. Hoje, como Bispo Emérito, ainda mostra vitalidade no pastoreio, reafirmando continuamente o seu “sim” a Deus: “Ita Pater”.

Diante das tantas histórias registradas na memória de muitas comunidades, dos trabalhos e lideranças assumidas por Dom Odilon ao longo de cinco décadas… é quase impossível não se perguntar: ficou algo inacabado? Que lição a vida sacerdotal se encarregou de lhe deixar?

Santa Missa do Jubileu de Ouro

Mas antes de responder a estas perguntas, uma pausa para falar da Solene Celebração Eucarística do Jubileu Áureo de Ordenação Presbiteral de Dom Odilon.

A concentração aconteceu no Museu de Itabira de onde saiu um cortejo acompanhado pela Corporação Musical Santa Cecília.

A Catedral Diocesana recebeu padres das Regiões I e II da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano. Dezenas de fiéis. Vários seminaristas. E, no altar, amigos e companheiros de caminhada: Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Mariana, e Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Vitória. Também o atual Bispo da Diocese de Itabira, Dom Marco Aurélio Gubiotti.

A Santa Missa foi presidida pelo próprio Dom Odilon. A homilia ficou por conta de Dom Geraldo que aproveitou a palavra para fazer um breve resumo sobre a trajetória do amigo e, no momento oportuno, citou o conhecido versículo do evangelista João: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; mas vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer” (João 15,15).

Palavras carinhosas também vieram de Dom Luiz Mancilha que, bem-humorado, conseguiu arrancar gargalhadas da assembleia. Repassou os abraços enviados pelos nossos vizinhos capixabas, relembrou o tempo que caminharam juntos. Abraçaram-se com a ternura de dois bons pastores servos de Deus.

O tom alegre, festivo no louvor e graças a Deus, teve seu momento de tensa reflexão – como sempre coube à Igreja fazer em instantes pontuais da história. Tanto Dom Geraldo quanto Dom Marco Aurélio falaram sobre a tragédia que recaiu em Brumadinho. Vidas ceifadas, famílias destruídas, dor e pranto provocados pela irresponsabilidade e descaso com a vida humana. O bispo de Itabira ainda frisou: “precisamos assumir como Igreja uma postura de cobrança”.

Dom Marcou Aurélio também agradeceu a constante ajuda e presença de Dom Odilon na Diocese. Ressaltou o carinho que ele tem com os seminaristas e o valor do seu pastoreio como o presbítero que nenhum bispo deixa de ser.

Padre Flávio Assis, Vigário Episcopal da Região I e pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde, foi o encarregado de ler a mensagem enviada pelo Papa Francisco a Dom Odilon.

A comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, cuja Matriz é a Catedral Diocesana, também prestou suas homenagens.

Dom Odilon agradeceu a todos, lembrou dos pais, dos amigos, dos 15 irmãos – uma delas, inclusive, participou da Missa. Agradeceu aos paroquianos das várias comunidades nas quais atuou. Segundo o bispo, eles colaboraram profunda e diretamente com as graças que Deus promoveu na vida dele.

Ao final da Missa, muitos cumprimentos, selfies e parabéns.

As respostas de quem passou 50 anos a serviço do projeto de Deus

Após extensas linhas, retomemos o fôlego para voltarmos às questões iniciais: ficou algo inacabado? Que lição a vida sacerdotal se encarregou de lhe deixar?

Sentamos lado a lado, pouco antes da Missa, ainda no Museu de Itabira. Dom Odilon manteve as mãos entrelaçadas sobre as pernas, ora com gestos suaves, a expressão às vezes longe como a de quem busca as fotografias nos arquivos da memória, falou-me um pouquinho desta trajetória resumida em mensagens profundas.

Vocação e pastoreio: “Deus atuou em mim desde a vocação. A presença Dele agindo em mim foi o mais marcante” (nestes 50 anos). “Eu como instrumento, Ele como autor”.

Episcopado: “O chamado para o episcopado me assustou. Na Igreja isso é muito sigiloso. Fui chamado para ser bispo auxiliar de Vitória. Mas sempre consegui conciliar os trabalhos como Bispo e como padre. Não me afastei, embora as pessoas vejam o bispo como alguém diferente, mais inacessível.”

Pedras no caminho: “É claro que encontrei dificuldades em certos momentos da caminhada sacerdotal, mas não carrego frustrações.”

Menina dos olhos: “A vocação à vida consagrada. Gosto deste trabalho com os seminaristas”.

Mensagem aos que estão começando: “Que sejam perseverantes, não desanimem diante das dificuldades, dos desafios. Deus está com ele e se ele se entrega a ação do Espírito Santo, ele segue, persevera.”

Dom Odilon é a própria resposta de tudo o que carrega na bagagem. De fala direta, sem rodeios, sucinto. Talvez, para um observador mais atento, os olhos dizem muito. O gesticular suave também.

Lembrei-me de Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta meus cordeiros”.

Cá, nas impressões de quem ouviu Dom Odilon por alguns minutos, fica a sensação de que o Autor desta vida realizou obras profundas neste servo.

 

A galeria completa com fotos da Celebração está disponível na página da Paróquia no facebook. Acesse: https://www.facebook.com/pg/pnssitabira/photos/?tab=album&album_id=2342820315749355