Em 20 de janeiro, o Cardeal guiará a oração mensal do Terço Mariano na Igreja de Santa Ana no Vaticano, diante do ícone de Nossa Senhora Desatadora dos Nós: repetir a “Ave Maria” continua a atrair e acalmar os corações de muitas pessoas, enquanto a pandemia ainda causa ansiedades
É muito grande a participação de fiéis na oração do Terço dedicado a Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que é celebrada todos os meses na paróquia de Santa Ana no Vaticano, a poucos passos da entrada do território da Santa Sé. “O próximo encontro será no dia 20 de janeiro às 20h”, anuncia o Cardeal Angelo Comastri, que há alguns meses vem presidindo a oração diante do ícone tão querido ao Papa Francisco.
Apaixonados pelo Terço
“Números além de todas as expectativas”, observou o Cardeal em uma conversa com jornalistas, confiando que “às vezes tivemos que dizer ‘não tem mais lugar’ às pessoas que chegavam por causa dos limites de capacidade”. Uma resposta semelhante é esperada para o encontro de 21 de fevereiro, à mesma hora, e a tendência leva a uma reflexão. O Cardeal Comastri pode ser considerado um precursor neste sentido, pois no início da emergência sanitária ele teve a ideia, em sintonia com o Papa, de transmitir o Terço ao vivo da Basílica de São Pedro. Na época, como agora, embora com características ligeiramente diferentes, a pandemia ainda é assustadora, as pessoas precisam de conforto e vários meios de comunicação confirmam sua preferência pela transmissão de momentos de oração. “Quando temos uma dor”, observa Comastri, “geralmente a confiamos à nossa mãe. E todos nós temos nossa Mãe no céu, que é Maria”.
Maria, mulher de escuta
Para o cardeal, isto explica o valor do Terço: sua juventude e a sua capacidade de despertar a atenção, apesar de ser uma oração tradicional. “Entretanto”, adverte, lembrando as palavras de Madre Teresa de Calcutá, “tradicional não significa ‘velho’: significa que tem muitos anos de idade e, portanto, tem muito significado. E o fato de a ‘Ave Maria’ ser repetida é a coisa mais humana que existe, porque quando você ama alguém você nunca se cansa de dizer ‘eu te amo’, então é uma exigência do coração”.
O vigário emérito do Papa para a Cidade do Vaticano nos exorta a pedir a intercessão de Nossa Senhora também para intensificar a escuta que toda a Igreja é chamada a praticar e a intensificar no caminho sinodal. “Maria”, sublinhou o Cardeal Comastri, recordando o diálogo com o Arcanjo Gabriel, “é a mulher com a maior capacidade de escuta. E o Papa insiste, com razão, na necessidade de sabermos escutar. Porque todos nós somos capazes de falar. Mas não é fácil escutar. Portanto, acredito que aprender a escutar é uma ótima maneira de amadurecer para as pessoas e a comunidade eclesial”.
A bondade atrai os afastados
Mas o que é necessário para o diálogo? Qual é o conselho para os religiosos e leigos? O Cardeal fala do escritor Giuseppe Prezzolini, que se definia como um não crente. Precisamente por este motivo, Paulo VI – seu amigo – perguntou-lhe como chegar aos mais afastados. Prezzolini respondeu: “Santo Padre, se o senhor quiser alcançar os que estão afastados, prepare pessoas verdadeiramente boas, sem orgulho, humildes. Porque a inteligência desperta admiração, a cultura leva a aplausos, mas só a bondade atrai e entra no coração dos outros. Preparem boas pessoas – conclui o Cardeal Comastri com as palavras de Prezzolini – e vocês saberão como dialogar com todos”.