Os rios da Amazônia e as pessoas que moram nas comunidades indígenas e ribeirinhas poderão desfrutar em breve de mais um gesto de amor através do barco São João XXIII na Providência de Deus, um nome que lembra a figuro do Papa bom, o Papa do sorriso e da caridade, que agora será presente na vida do povo da região. O barco, que iniciou seus trabalhos no domingo 8 de dezembro, servirá às comunidades locais, levando saúde e caridade.
Uma missa presidida pelo arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que contou com a presença do bispo de Óbidos (PA), dom Bernardo Baumann, do bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima, e do bispo emérito de Primavera do Leste-Paranatinga, dom Derek Byrne, iniciou um ato que contou com a presença de diversas autoridades do Estado do Amazonas e de outras regiões do Brasil.
O barco hospital é um sinal de saúde, segundo o cardeal Steiner, que agradeceu a Deus por “todas as mãos generosas que nos ajudaram na construção deste barco, para que ele pudesse agora servir as nossas comunidades ribeirinhas”. Igualmente agradeceu os freis Franciscanos que concretizaram a ideia.
O arcebispo de Manaus destacou como Deus vai em busca de Adão e Eva, que tinham se distanciado D´Ele, “vai em busca e encontra”. Uma procura que Deus também fez com Maria, “Ele procura Maria, aquela da aldeia lá de Nazaré, aquela jovem, adolescente, Deus a procura porque quer estar junto dos seus filhos e filhas”. O cardeal lembrou que “Deus teve a delicadeza de perguntar, você aceita? E ela disse sim. Sim, porque percebe que Deus a procurou, porque a buscou, e se fez um de nós”.
Uma atitude que se faz presente com o barco, “nós não esperaremos, nós buscaremos. Nós desejamos ir ao encontro e desejamos perguntar onde você está para poder cuidar da sua saúde, seja da saúde do corpo, seja da saúde do espírito”. Algo que é feito, “porque ele se fez providente no meio de nós, em Jesus. É em nome de Jesus que nós vamos fazer, em nome de Jesus que lá vamos estar, em nome de Jesus que queremos ser também evangelizadores através da caridade”, fazendo um chamado a “seguir os passos de Deus e fazer essa procura e buscar todos os irmãos e as irmãs que têm necessidade”, destacando o grande número de pessoas envolvidas no projeto que vai ajudar a ser “essa expressão de Deus”, e chegar “até os lugares onde nós achamos que não tem ninguém, mas lá tem alguém que está necessitado”.
O cardeal Steiner insistiu em “agradecer a todos que ajudaram, colaboraram, para que este barco possa ser realmente um sinal da nossa fraternidade, possa ser um sinal da justiça, onde todos têm direito à saúde, possa ser sinal de paz, mas possa ser também sinal de salvação”, abençoando os presentes com uma relíquia de São João XXIII que acompanhará os atendimentos do barco.
Segundo lembrou dom Bernardo Baumann, os barcos hospitais, Papa Francisco, São João Paulo II e São João XXIII, foi uma ideia que surgiu em 2013, querendo dar resposta à necessidade de muitas pessoas doentes que não conseguiam chegar nas cidades para serem atendidos, por falta de dinheiro para chegar o pelas longas filas que faziam eles ter perdido a esperança, surgindo a ideia de fazer realidade um hospital que vai até o paciente. Foi assim que foi plantada “uma semente de mostarda que de repente cresceu e se tornou uma grande árvore”.
O bispo de Óbidos destacou que muitas pessoas têm ajudado nesse sonho, “porque nós compreendemos também que a caridade nunca pode parar”, afirmando que quando “a gente coloca a caridade a funcionar, vai crescendo”. Em cinco anos, o barco hospital Papa Francisco já fez 500 mil atendimentos, resgatando muitas vidas, sobretudo na pandemia, sendo instrumento para levar esperança para as pessoas e levar paz para as pessoas”.
Um barco que é exemplo concreto de uma Igreja em saída, segundo frei Francisco Belotti, “não apenas uma igreja que só sai, mas uma Igreja que anuncia e que também proporciona assistência à cura das pessoas, como Jesus fazia”. Ele insistiu em que, com a ajuda das pessoas, nada é impossível, agradecendo às pessoas que ajudam para a construção e funcionamento dos barcos hospital, para que os milagres possam acontecer. O frei disse que “o estado do Amazonas hoje ganha uma pérola, uma preciosidade, uma preciosidade que é para toda a população, para que as pessoas possam encontrar saúde, e possam encontrar também o seu tratamento”.
O frei lembrou as palavras de São Francisco, que diz que “devemos começar fazendo o necessário, depois o possível e depois alcançar o impossível”, de São João XXIII: “o milagre acontece quando a vontade dos homens se une à vontade de Deus”, e de Gandhi: “carrego nos ombros toda a transformação que eu quero ver nesse mundo”. Palavras que inspiram o barco hospital, “um hospital que anda”, que “navega pelos rios”, ajudando as pessoas a superar as dificuldades que existem na Amazônia para chegar nos hospitais.
Um barco que “vai ao encontro das pessoas”, o que é muito importante, segundo frei Belotti, que disse que o barco “é o maior e o melhor plano de saúde que pode existir em nosso Brasil”, dado que “a gente chega, consulta, faz os exames, se necessário, interna, se necessário faz cirurgias, recebe alimentação, recebe os medicamentos e ainda com a possibilidade das ambulanchas levarem até a sua residência”. Ele agradeceu ao Ministério Público de Trabalho, ao Tribunal Regional de Trabalho, ao Governo do Estado do Amazonas, à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, à Prefeitura de Manaus, ao Sistema Único de Saúde, e outras entidades e empresas, assim como à Arquidiocese de Manaus, que desde o primeiro momento abriu seus braços, abriu o coração. Ele não esqueceu dos colaboradores, que fazem seu trabalho de forma voluntária, fazendo que os milagres aconteçam todos os dias.
O Procurador Regional do Ministério Público do Trabalho do Amazonas, Jorsinei Dourado do Nascimento, destacou a importância de um barco, altamente equipado, que vai cuidar de milhares de ribeirinhos, comunidades indígenas e quilombolas, que estão situadas ao longo das sinuosas margens dos rios do Amazonas, e que tem uma missão de vida, ir ao encontro daqueles que mais necessitam, que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Na mesma linha, a subprocuradora geral do trabalho do Estado do Amazonas Dra. Ivana Auxiliadora Mendonça dos Santos, destacou a importância do barco como “poderosa ferramenta de inclusão e cuidado”, e “mitigando os cruéis desafios logísticos que as longas horas de navegação para obter atendimento médico representam para milhares de pessoas”.
Junto com Ministério Público do Trabalho, a empresa MARFRIG é uma das grandes parceiras do projeto. Segundo seu presidente, Marcus Molina, é uma honra fazer parte desse projeto, anunciando a construção de mais um barco. O ministro do Superior Tribunal de Justiça e Corregedor Nacional de Justiça, Mauro Campbell, destacou a figura de São João XXIII, que transformou sua fé em obras, lembrando as dificuldades de acesso à saúde na Amazônia. O barco hospital João XXIII conta com a parceria do Estado do Amazonas, que, em seu governador, Wilson Lima, agradeceu a realização do projeto, assegurando a parceria e os recursos para um barco que irá fazer parte da política pública de saúde do Estado do Amazonas.
Fonte: CNBB – por padre Modino / Assessor de Comunicação do regional Norte 1 da CNBB