Divino e humano, Jesus Cristo não abandona o Pai quando vem ao encontro da humanidade na Encarnação e, muito menos, deixa seus discípulos órfãos quando retorna para junto do Pai na Ascensão. Permanece presente, próximo e unido aos seus. Tanto na Encarnação quanto na Ascensão, o Senhor se vale do Ministério dos Anjos – seus mensageiros diretos – para oferecer orientações preciosas: Gabriel anuncia à jovem Maria a graça da maternidade divina, o coro dos anjos canta “Glórias” junto à Gruta de Belém e, imediatamente após a partida de Jesus por entre as nuvens, mais uma vez a voz angélica convida os discípulos a partirem missão esperançados pela certeza da volta definitiva do Cristo.
Crer nesta presença de Cristo significa entregar a Ele sem reservas o próprio coração. Percebê-lo atuante e presente na vida demanda uma certa paz de espírito alcançada com um trabalho constante da alma, afinal, na água turva e agitada não aparece o rosto de quem a olha, conforme revela Santo Antônio em seu Sermão da Ascensão do Senhor. Manter o coração sereno, especialmente em tempos de aflição, não é um desafio qualquer, mas um verdadeiro ato de coragem e confiança em Deus.
Mesmo com a alma apertada pelo medo e pelo sofrimento, cada cristão é chamado a partir pelos quatro cantos do mundo, lugares que dizem respeito muito mais às experiências do que à geografia. Estar em todas as direções representa a disposição em abraçar o outro com generosidade em cada uma de suas situações existenciais, do nascimento à morte, da prosperidade à adversidade. É desta maneira que Cristo age com os seus e é assim que ele os orienta a agir.
Reflexão de Frei Gustavo Medella, OFM, Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição