As mulheres e o anúncio que chega até os confins da terra

Na segunda-feira da Oitava da Páscoa, o anúncio da Ressurreição continua a ressoar no mundo. Para Padre Francesco Voltaggio estudioso bíblico na Galileia: “Não há nenhum vazio que Cristo não possa preencher”

 

Na segunda-feira da Oitava da Páscoa, também chamada tradicionalmente de “Segunda-feira do Anjo”, o anúncio da Ressurreição de Jesus para as mulheres é central. “As mulheres são depositárias deste maravilhoso kerygma primeiro do Anjo e depois do próprio Jesus Cristo, que o túmulo está vazio, com o convite para ir à Galileia para anunciar a seus irmãos que Cristo ressuscitou e indo à Galileia lá o encontrarão”. São palavras do padre Francesco Giosuè Voltaggio, estudioso bíblico e reitor do Seminário Redemptoris Mater na Galileia, que também sublinha os laços com o Antigo Testamento, “quando Raquel não consegue rolar a pedra do poço e Jacó, graças a uma força prodigiosa, consegue rolar esta pedra”.

Segundo o Antigo Testamento

Segundo a tradição judaica – continua padre Voltaggio – Jacó pode rolar esta pedra graças ao orvalho da Ressurreição, os judeus já o dizem, e é também – podemos dizer – um acontecimento nupcial: precisamente a estas mulheres é revelado o Cristo ‘esposo’, que agora chama tanto as mulheres como os apóstolos para voltarem à Galileia, para voltarem ao primeiro amor, porque em hebraico há uma ligação entre rolar a pedra – é usado o verbo galal – e Galileia que vem da mesma raiz: rolar, galil…”.

“Então é maravilhoso que sejam precisamente as mulheres que nos trazem esta beleza infinita da Ressurreição, que é a beleza de começar tudo de novo com Jesus Cristo, que também é uma boa notícia precisamente para esta pandemia, a aurora da Ressurreição, o túmulo vazio”, comentou o sacerdote, também se referindo ao termo Galileia. “Galileia – explica – também foi chamada em hebraico ‘a Galileia dos Gentios’, a Galileia dos pagãos, e portanto este anúncio pascal dado de uma maneira maravilhosa às mulheres, chega a todos os confins da terra e portanto também a nós hoje”.

Jesus preenche o vazio

Esta é a segunda Páscoa, após a do ano passado, marcada pela pandemia da Covid-19, com todo o seu fardo de restrições e sofrimento. Com relação ao impacto deste anúncio da Ressurreição de Cristo para a realidade do mundo de hoje, o padre assinala que existe um paradoxo: as mulheres são aconselhadas a ir ver o lugar onde Jesus foi colocado. “Este lugar, porém, paradoxalmente é um lugar vazio – explica – ou seja, o anjo convida as mulheres e todos nós a voltar a este sepulcro, que, entretanto, está vazio.

E é uma notícia maravilhosa ainda hoje, precisamente neste momento tão difícil que estamos vivendo – mesmo trágico, em certos momentos da pandemia – porque ali onde há o vazio, na realidade Cristo é a plenitude, ele é a plenitude do tempo, ele é a plenitude do mundo, e ele é capaz de preencher este vazio do túmulo, este vazio que sentimos quando há eventos de morte ou que nos lembram a morte”. Portanto, continua, “cada vazio nosso pode ser preenchido pela plenitude da Ressurreição de Cristo”. Não há nenhum vazio que Cristo não possa preencher: a morte foi conquistada, Cristo ressuscitou verdadeiramente, e esta proclamação ressoa em todas as partes do mundo e é o centro de nossa fé e de nossa vida cristã”.

Fonte: Vatican News – Debora Donnini

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