Doxologia vem de doxa, glória em grego e logos, palavra em grego. Significa, então, palavra de glória. Doxologia é um louvor ou bendição a Deus. Em geral tem caráter trinitário. Aparece na Missa como hino de glorificação ou como conclusão de uma ação de graças.
As duas doxologias mais comuns começam com a palavra Glória. São elas o Glória a Deus nas alturas, chamada a grande doxologia e o Glória ao Pai, a pequena doxologia, muito usada pela Igreja na Liturgia das Horas e no final dos salmos.
Na Missa temos as seguintes doxologias: O Senhor, tende piedade, o Glória a Deus nas alturas, o Santo, o Por Cristo, com Cristo e em Cristo no final da Oração eucarística e, diria, o Senhor, eu não sou digno.
As doxologias na Missa, exceto, o Por Cristo, são hinos de passagem, de entrada no Santo dos Santos. Constituem uma profunda expressão de adoração, de experiência do sagrado, do santo, do divino. São, como que os portais de entrada no espaço do sagrado, no espaço de Deus.
Neste sentido, o Kyrie eleison, (Senhor piedade) não é propriamente um ato penitencial, de pedido de perdão, mas uma glorificação do Deus de bondade, do Deus que é piedade, e manifestou esta sua atitude de Pai, sobretudo em Cristo Jesus. Por isso, o Senhor, piedade como que introduz a assembleia na celebração do mistério celebrado, mistério da bondade e da misericórdia de Deus. A Igreja proclama Jesus Cristo o seu Senhor, o seu Deus. O Kyrie, tanto no Oriente como no Ocidente, desde os primeiros séculos da Igreja serviu de abertura da celebração.
Mais tarde, em dias solenes, se introduziu o Glória na Missa, como desdobramento do Kyrie. Por isso, hoje o Glória é cantado somente nas solenidades, nos domingos fora do Advento e da Quaresma e nas festas. Supõe o Kyrie que, sozinho, não constitui ato penitencial, sendo normalmente proclamado depois da absolvição geral do Ato penitencial.
Outra grande doxologia de passagem e de introdução é o Santo. Ele conclui o grande louvor a Deus do Prefácio e introduz no Santo dos Santos da Oração eucarística, quando os dons são santificados, onde o Deus Santo se torna presente no meio da Igreja no Sacramento.
Temos, depois, a grande e solene doxologia do Por Cristo, com Cristo… Ela sintetiza e conclui a grande Oração de ação de graças, a Oração eucarística, proclamada pelo sacerdote. Por essa doxologia o sacerdote expressa a glorificação de Deus, a conclui, e o povo presente a confirma pelo Amém.
O Senhor, eu não sou digno, antes da Comunhão, também pode ser considerada mais como um reconhecimento da bondade de Deus, uma doxologia, do que um pedido de perdão. Um ato de humildade, de adoração, de reconhecimento do Deus santo que vem a nós.
É importante cultivarmos a atitude expressa nas doxologias da Missa. Elas nos levam a uma atitude de humildade, de adoração, de louvor Àquele que é três vezes Santo, que é o Santo dos santos, de Quem não somos dignos de pronunciar o nome. Ajudam-nos a cultivar aquela dimensão do sagrado, própria do mistério que celebramos e vivemos na Liturgia.
É claro que estes textos doxológicos devem ser proclamados na íntegra. Eles constituem um tesouro da fé cristã. Expressam a atitude fundamental do ser humano, diante do Deus Criador e Pai santo, que pede: Sede santos como eu sou Santo.
Fonte: Franciscanos – Especial Gotas de Liturgia / Por Frei Alberto Beckhäuser