Símbolo da resistência contra o Apartheid, Tutu ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta não violenta contra o racismo. “O Arcebispo Tutu era um profeta e um sacerdote, um homem de palavra e ação, uma pessoa que encarnava a esperança e a alegria que foram os fundamentos de sua vida”, escreve o arcebispo de Cantuária, Justin Welby. A Comunidade Romana de Santo Egídio recorda sua “longa amizade” com o arcebispo Tutu “em nome da paz e dos direitos humanos”.
“Um grande guerreiro da justiça que nunca parou de lutar.” Foi o que disse o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, líder espiritual da Comunhão Anglicana, a propósito do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, que faleceu aos 90 anos, neste domingo (26/12). A Comunhão Anglicana espalhada pelo mundo lamenta sua morte, manifestando pesar e tristeza. É unânime o desejo de acompanhar as lágrimas de sua morte com palavras de gratidão e reconhecimento por uma vida sempre vivida com coragem e força interior em defesa dos direitos humanos e da reconciliação.”
“A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu (conhecido como Arch) é uma notícia que recebemos com profunda tristeza, mas também com profunda gratidão”, escreve o arcebispo Welby, segundo a Agência Sir. “O amor de Arch transformou a vida dos políticos e sacerdotes, dos habitantes das cidades e dos líderes mundiais. Se o mundo é diferente hoje, é por causa deste homem”, ressalta o arcebispo de Cantuária. Símbolo da resistência contra o Apartheid, ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta não violenta contra o racismo. “O arcebispo Tutu era um profeta e um sacerdote, um homem de palavra e ação, uma pessoa que encarnava a esperança e a alegria que foram os fundamentos de sua vida”, escreve ainda Welby.
Era um homem de extraordinária coragem pessoal e audácia: quando os policiais invadiram a Catedral de Cidade do Cabo, ele os desafiou dançando no corredor”. Após o fim do Apartheid e depois que Nelson Mandela foi eleito presidente da nova África do Sul, o arcebispo Tutu criou e presidiu a Comissão de Verdade e Reconciliação (Trc), para trazer à luz a verdade sobre as atrocidades cometidas durante as décadas de repressão feita pelos brancos e assim tentar um processo doloroso e dramático de pacificação entre as duas partes da sociedade sul-africana. Ele foi sobretudo “um discípulo cristão e esta foi a raiz de todo o resto”, recorda o arcebispo Welby. “Somos hoje gratos por uma vida tão bem vivida, mesmo sentindo a dor de uma perda tão grande”.
A morte do arcebispo Tutu foi anunciada numa mensagem de vídeo pelo arcebispo anglicano de Cidade do Cabo, Thabo Makgoba, que em nome de toda a comunidade anglicana dirigiu palavras de condolências à sua esposa, Nomalizo Leah, ao seu filho, Trevor Tamsanqa, e suas filhas, Thandeka, Nontombi e Mpho, e suas famílias. “Ele acreditava profundamente que cada um de nós é feito à imagem de Deus e, como tal, deve ser tratado pelos outros”. “Ele queria que todo ser humano na Terra experimentasse a liberdade, a paz e a alegria que todos nós devemos desfrutar se realmente nos respeitarmos uns aos outros como pessoas criadas à imagem de Deus”. Foi em nome desta profunda convicção que o arcebispo Tutu “desafiou os sistemas que humilhavam a humanidade”, disse Makgoba. “A Igreja Anglicana da África Austral organizará o funeral de Desmond Tutu e as comemorações com o governo e a cidade de Cidade do Cabo. Os detalhes desses eventos, que serão realizados de acordo com o regulamento de prevenção da Covid-19 da África do Sul, serão anunciados posteriormente”, disse Makgoba.
A Comunidade Romana de Santo Egídio recorda sua “longa amizade” com o arcebispo Tutu “em nome da paz e dos direitos humanos”. Com ele partilhou em muitas ocasiões momentos de oração e batalhas pela paz e pelo futuro da África.
Em 26 de maio de 1988, ele inaugurou a “Tenda de Abraão”, a primeira casa da Comunidade de Santo Egídio dedicada aos refugiados. Este vínculo de amizade continuou ao longo dos anos com Santo Egídio, com um compromisso comum pela paz, a saúde, os direitos humanos e a luta contra a pena de morte.
“Quando no Natal vejo vocês com os pobres no almoço, na Basílica de Santa Maria em Trastevere, Deus sorri”, disse o arcebispo Tutu durante uma de suas visitas a Roma. “É doce para nós recordar estas suas palavras nesses dias em que a Comunidade acolhe tantas pessoas pobres de todas as partes do mundo, consciente da força do legado de paz que ele nos deixou”, conclui uma nota da Comunidade de Santo Egídio.
Fonte: Vatican News