Nos dias de sua hospitalização no Hospital Gemelli, a relação entre o Papa e o Povo de Deus não foi interrompida. Francisco e os fiéis permaneceram firmemente unidos por meio da oração. Aquela oração definida pelo Papa como “oxigênio da vida” que, especialmente nos momentos difíceis e de sofrimento, torna-se “uma armadura” em defesa do pastor.
Por Alessandro Gisotti
“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Essa famosa frase do livro O Pequeno Príncipe descreve bem o que aconteceu depois que o Papa Francisco foi internado no Hospital Gemelli em 7 de junho. Durante esses dias, antes de seu retorno ao Vaticano nesta sexta-feira (16), os fiéis não puderam se encontrar publicamente com o Bispo de Roma, mas isso não significa que o pastor e o povo estivessem distantes. Pelo contrário, em alguns aspectos – citando o próprio Antoine de Saint-Exupéry – o Papa Francisco e as pessoas que o amam ficaram ainda mais unidos graças à oração que brota do coração e não precisa de visibilidade para se expressar. Uma oração que é como “oxigênio da vida”, para usar as palavras de uma de suas catequeses em novembro de 2020, durante o período sombrio da pandemia.
Recordando seu último compromisso público, é significativo que, pouco antes de sua hospitalização, todos puderam observar o Papa – no início da Audiência Geral na Praça São Pedro – que se recolhia em oração diante das relíquias de Santa Teresinha de Lisieux, a quem ele é tão devoto. Naquele momento, as pessoas não sabiam que o Papa seria operado logo em seguida, nem podiam saber pelo que Francisco estava rezando naqueles momentos. Mais uma vez, portanto, “o essencial” foi “invisível aos olhos”. Uma experiência e um ensinamento preciosos, ainda mais no mundo de hoje, onde parece que tudo precisa ser mostrado, “revelado” para ter valor.
A oração – nos lembra o Papa – tem um poder invisível que move até mesmo os caminhos da história. É por isso que ele não se cansa de rezar (e de nos pedir que o façamos também) pela paz no mundo. Ele fez isso durante esses dias em que estava hospitalizado. Seus pensamentos sempre vão para lá, onde quer que ele esteja: para o povo ucraniano e para todos os povos que sofrem por causa da violência e da guerra. A oração, como Francisco nos testemunha, é, no fundo, o ato mais eficaz que um cristão possa realizar, porque é um diálogo com o Senhor, um pedido de escuta, uma proposta de ajuda. É falar com o coração ao Coração maior, aquele que abraça cada um de nós.
Todos nos recordamos do “boa noite” com o qual Jorge Mario Bergoglio se apresentou na sacada central da Basílica de São Pedro no dia 13 de março de dez anos atrás. Entretanto, nem sempre nos lembramos de que, logo após essa saudação – tão comum quanto perturbadora nos lábios de um Papa recém-eleito – ele pediu para rezar o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória. Uma oração de pastor com o povo que, a partir daquele momento, nunca mais parou e se tornou mais intensa em momentos de dificuldade e sofrimento. “Rezem por mim!”: há apenas algumas semanas, em uma entrevista à Telemundo TV, Francisco explicou com uma imagem eficaz por que ele repete com tanta frequência esta exortação. “As pessoas”, disse, “não se dão conta do poder que têm ao orar por seus pastores”. E acrescentou que “qualquer pastor, seja ele um pároco, um bispo, é como se estivesse sendo defendido, blindado, com uma armadura, com a oração dos fiéis”. Uma armadura de amor que não pesa, mas sustenta. Uma armadura que é invisível aos olhos, mas visível ao coração.
Fonte: Vatican News