A Vida e a Missão da Igreja desde os Primórdios

Foto de Jonny Gios na Unsplash

É o Espírito Santo que torna a Igreja missionária: “o Espírito impele o grupo dos crentes a «constituírem comunidades», a serem Igreja. Depois do primeiro anúncio de Pedro no dia de Pentecostes e as conversões que se seguiram, forma-se a primeira comunidade (cf. Ato dos Apóstolos 2, 42-47; 4, 32-35).”

 

Por Diácono Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos / RJ

Desde o Ato da Criação, Deus Uno e Trino, em Sua infinita Bondade e Misericórdia, não se deixa abater com os desmandos e devastador mau uso da Sagrada Liberdade, que atingiu todo o Universo, uma vez que a Liberdade é o Bem mais precioso; Ele não abre mão, para ser fiel a Sua Própria Liberdade. Esta realidade permeia toda a História da minha e da vossa Salvação, da Salvação da Humanidade, da Vida e Missão da Santa Igreja de Jesus Cristo (CIC. 811). “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus” (João 1, 1-2).

Desta maneira, a força da Palavra gera a Vida, e a Vida, com toda a Sua Dinâmica, que Lhe é própria. É interessante observar que, desde os Primórdios, existe um firme propósito pungente (que afeta e/ou impressiona profundamente o ânimo, os sentimentos, as paixões; muito comovente) e atuante, da parte de Deus nosso Senhor, independente de tudo o que surgiu como consequência do pecado das origens, em nível de orgulho, arrogância e prepotência. Desde sempre, Ele se posiciona à saída de Si mesmo e espera dos seus amados humanos, o mesmo. E, não menos importante, “uma Igreja em saída“, uma das grandes marcas do pontificado do Papa Francisco, desde o início do chamado ao ministério Petrino: “A Missão está no Coração da Igreja; a dinâmica sinodal leva adiante a Sua vocação missionária” (29/09/23).

Segundo a Revelação de Deus, dentro da perspectiva do uso da Liberdade, o Pai Celeste, por meio da Palavra, que é o próprio Jesus Cristo, na Ação Amorosa que procede do Pai e do Filho, o Espírito Santo, “não se deixa vencer em generosidade” (Pe. Jonas Abib) e sempre toma, por primeiro, a iniciativa do chamado, da escolha de quem Ele quer ou não; o mais fascinante é que, a “lógica” e a “matemática” de Deus é “Sinal de Contradição”, onde o “menos” é “mais”, o desprezível é elevado ao considerável grau de dignidade. “Nele havia Vida, e a Vida era a Luz dos homens. A Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João 1, 4-5). Entretanto, não se pode reduzir a Missão da Igreja de Jesus Cristo a critérios “meramente humanos”: a humanidade de Jesus nos revela a nossa verdadeira Imagem e Semelhança do Divino (sem pecado); “vá e não peques mais” (João 8,11).

Podemos atribuir que o primeiro chamado e a primeira escolha de Jesus Cristo, através da solidariedade, humildade e Missão de Maria Santíssima, no Novo Testamento se deram ainda nos ventres das Mães, do embrião (Jesus Cristo) ao feto (João Batista) àquele que iria à frente, ‘preparando o Caminho e endireitando veredas’, “ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”. Todo vocacionado a uma Missão, na Santa Igreja, quando percebe o verdadeiro chamado de Deus, estremece em suas entranhas, por vezes “foge”, inquieta-se de maneira permanente e continuada, caso seja fiel e permaneça até o fim da vida terrena, respondendo.

Assim como o ar é tão necessário à Vida Humana, bem como, em todo planeta e não o enxergamos; da mesma forma, exorta o Papa Francisco, em 11 de maio de 2023, “A Missão é o oxigênio da Vida Cristã, que sem ela adoece e murcha”, esta exortação ratifica o que já tinha sido dito, pela célebre Evangelii Nuntiandi, sobre a eficácia do “testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, e dedicada ao próximo com um zelo sem limites, é o primeiro meio de evangelização”, fortalece a Vida e a Missão da Igreja.  Instantes antes de ascender aos Céus, nosso Senhor Jesus Cristo define, de modo sistemático, o ordenamento dos Sinais Sagrados, a partir do Batismo “em Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo”, uma missionariedade do Fazer e Ser Igreja, crescimento constante na intimidade com Cristo, na vivência dos Mandamentos e das Bem-aventuranças, do “Ide” (Mateus 28,19) até às Moradas Eternas.

Desde 8 de dezembro 1975, o Papa Paulo VI, no 13° Ano do exercício do Ministério Petrino faz uma exortação sempre atual até nossos dias, nesses tempos difíceis: “Este problema do “como evangelizar” apresenta-se sempre atual, porque as maneiras de o fazer variam em conformidade com as diversas circunstâncias de tempo, de lugar e de cultura, e lançam, por isso mesmo, um desafio em certo modo à nossa capacidade de descobrir e de adaptar. É o Espírito Santo que torna a Igreja missionária: “o Espírito impele o grupo dos crentes a «constituírem comunidades», a serem Igreja. Depois do primeiro anúncio de Pedro no dia de Pentecostes e as conversões que se seguiram, forma-se a primeira comunidade (cf. Ato dos Apóstolos 2, 42-47; 4, 32-35).”

Desta maneira, “a nós especialmente, Pastores da Igreja, incumbe o cuidado de remodelar com ousadia e com prudência e numa fidelidade total ao seu conteúdo, os processos, tornando-os o mais possível adaptados e eficazes, para comunicar a mensagem evangélica aos homens do nosso tempo.”  Esta realidade recebe eficaz complemento do Papa Francisco, aos missionários, em 25 de Jan. de 2023, sinalizando o 97° Dia Mundial das Missões que será celebrada em 22 de outubro do corrente ano: “o anúncio deve ser dado sem exclusões e com alegria. Não se pode encontrar verdadeiramente Jesus ressuscitado, sem se inflamar no desejo de o contar a todos. Por isso, o primeiro e principal recurso da missão são aqueles que reconheceram Cristo ressuscitado, nas Escrituras e na Eucaristia (ápice da Vida da Igreja), e que trazem o Seu fogo no coração e a Sua Luz no olhar.”

É muitíssimo importante observar também a beleza da unidade da Santa Igreja, sempre aberta às moções do Santo Espírito de Deus, um dinamismo missionário sempre atual, que foi demonstrado na Conferência dos Bispos latino-americanos, em Puebla – 1979, onde afirmou que «o melhor serviço ao irmão é a evangelização, que o predispõe a realizar-se como filho de Deus, o liberta da injustiça e promove-o integralmente», esta citação foi também utilizada, na Encíclica Redemptoris Missio, de João Paulo II, que complementou com esta afirmativa “a Missão da Igreja não é a intervenção direta no plano econômico, técnico, político ou do contributo material para o desenvolvimento, mas consiste essencialmente em oferecer aos povos (no mundo inteiro) não um «ter mais», mas, um «ser mais» (ser mais gente, ser verdadeiramente humano)”, despertando as consciências com o Evangelho e não manipulando-as, para interesses próprios e escusos (egoístas).

R M utiliza também de trecho de um discurso aos Bispos em 10 de out de 1989, onde exorta ainda que, «O progresso humano autêntico deve assentar as suas raízes sobre uma evangelização cada vez mais profunda»; onde os Valores Humanos e Cristãos, à Luz da Sabedoria Divina sejam instrumentos de edificação, Paz e Concórdia. Isto significa que, “a Igreja e os Missionários (todos nós) são também promotores de desenvolvimento, com as suas escolas, hospitais, tipografias, universidades, explorações agrícolas experimentais”, desenvolvidas ao longo da História da Igreja. A Redemptoris Missio afirma ainda, que “o progresso de um povo, porém, não deriva primariamente do dinheiro, nem dos auxílios materiais, nem das estruturas técnicas, mas, sobretudo, da Formação das Consciências, do amadurecimento das mentalidades e dos costumes”.

É possível ou quase certo que todo o verdadeiro anúncio do Evangelho gera algum tipo de denúncia, não a denúncia pela denúncia (só gera a confusão), mas, é o anúncio da Verdade (Luz que ilumina todo ser humano e é uma Pessoa), que faz a máscara do fingimento, do pecado e da morte, cair; A Boa Nova sempre nova (Ευαγγέλιο) aponta o Caminho a ser trilhado (por Ser Pessoa, sustenta a caminhada rumo a Casa do Pai); simultaneamente gerando Vida e Vida Eterna (por ser Pessoa gera “Vida em abundância” – João 10,10). Portanto, peçamos a Jesus Cristo, sejamos dóceis ao Espírito Santo que procede D’Ele e do Pai, fazendo valer o ordenamento imperativo de Maria Santíssima aos serventes, nas Bodas de Caná,  “fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2,5), que Ele nos conceda a Graça da transformação da ‘água’ de nossa vida, no ‘vinho’ necessário à Nossa Salvação; o que devemos todos sermos “servos inúteis porque fizemos somente o que devíamos fazer” (Lucas 17,7-10); fazer o que precisa ser feito e nos ‘finalmente’ ouvir do Senhor “vinde benditos de Meu Pai” entoar a sonoridade celestial, na Eterna e Perene Liturgia, devotar toda  Honra e toda Glória ao Pai, por Ele, com Ele e N’Ele, na Plena Comunhão do Santo Espírito. Assim seja!

Fonte: Vatican News

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