A tarefa de servir

Imagem: pintura de Anthony van Dyck - Wikimedia

Por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 

A palavra “servir”, na definição do dicionário e no ensino bíblico, é “trabalhar para ajudar outras pessoas sem receber nada em troca. É ter a disposição de fazer algo que exige algum esforço para que outra pessoa não precise se esforçar tanto”. Jesus insiste na prática da doação, como verdadeiro dom, um esvaziamento pessoal para acontecer a dignidade de quem não consegue, por si, ser feliz.

A tarefa de servir o outro exige humildade e simplicidade. Por isto, não é tão fácil, porque o individualismo ocasiona uma aparente satisfação pessoal e dificulta a doação de si mesmo. Mas sabemos que muitas pessoas passam por sofrimentos e duras provações, porque são incapazes de agir, pois lhes falta o necessário para conduzir e ascender na vida em suas tarefas cotidianas.

Terminando o Mês Missionário, mês de outubro, podemos deixar uma dica importante, dizendo que, quem quiser ser grande, seja servo de todos. Esta dica é diferente e contrasta com a dinâmica da cultura moderna, que não condiz com os ensinamentos de Jesus Cristo. Uma cultura muito mercantilista e liberal, que privilegia a troca de valores materiais e não de servir e doar.

Servir pode ser consequência de uma atitude de compaixão e misericórdia, de sentir o sofrimento do próximo, das pessoas que se encontram fragilizadas e impossibilitadas de ascender na vida social e econômica. É uma realidade indesejável para todos, mas vivida pela grande maioria das pessoas no país, por aqueles que não têm onde buscar os recursos necessários para sua dignidade e vida saudável.

Os apóstolos, Tiago e João, não entenderam a proposta de Jesus sobre a tarefa de servir (cf. Mc 10,37). Eles estavam mais preocupados com os próprios interesses, de ter posição de destaque, um do lado direito e outro à esquerda do Mestre. Foi desvio diante da proposta de simplicidade no seguimento, de dedicação e serviço à comunidade e não de autorreferencialidade e poder.

A sociedade não pode confundir uma prática generosa de serviço com aquelas atitudes desequilibradas e tirânicas de algumas lideranças. Isto acontece em diversos países, principalmente em nações governadas com a força do poder da imposição, das guerras e massacres da população. A falta de sensibilidade humana, de respeito aos direitos das pessoas impede o exercício do serviço compassivo.

Fonte: CNBB

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