Por Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Meus amados irmãos e irmãs em Cristo,
Chegamos a clausura do Ano Litúrgico de 2022/23 – chamado de Ano A, com a celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei, um momento de exaltar a soberania e a realeza de Jesus em nossas vidas. O Evangelho proclama a grandeza do Senhor que reina, não com poder terreno, mas com amor, misericórdia e serviço.
Jesus Cristo, o Rei dos reis, nos ensinou que o verdadeiro poder está no serviço aos outros. Ele mesmo disse: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20,28). Aqui está a essência do Seu reinado: não um reinado de dominação, mas de doação de si mesmo.
Em suas palavras, Jesus nos convida a refletir sobre o tipo de realeza que Ele veio estabelecer. Ele é o Rei que governa os corações, que estende a mão aos necessitados, que cura os doentes e acolhe os marginalizados. Sua coroa é feita não de ouro, mas de espinhos, mostrando-nos que Seu poder está na humildade e na entrega.
Ao olharmos para as Sagradas Escrituras, encontramos em João 18,36, Jesus dizendo: “O meu Reino não é deste mundo”. Essa afirmação é um convite para que não busquemos apegar-nos a riquezas passageiras ou a um poder efêmero, mas sim para nos voltarmos para os valores eternos do Reino de Deus – amor, perdão, justiça e compaixão.
Ao proclamarmos a Cristo como Rei, devemos nos questionar: Estamos verdadeiramente permitindo que Ele reine em nossas vidas? Estamos vivendo de acordo com Seus ensinamentos, amando nossos vizinhos, perdoando os que nos ofendem e estendendo a mão aos necessitados?
A festa de Cristo Rei nos convida a renovar nosso compromisso de tornar Jesus o centro de nossas vidas. Ele não é apenas um Rei distante e celestial, mas alguém que deseja reinar em nossos corações, moldando nossas ações e atitudes.
Que possamos, então, neste dia dedicado a Cristo Rei, renovar nossa entrega a Ele. Que Ele seja verdadeiramente o Rei de nossas vidas, guiando-nos em nossos passos, consolando-nos em nossas dificuldades e inspirando-nos a viver como verdadeiros discípulos Seus, imitando Seu exemplo de humildade e amor.
A realeza de Cristo é a do serviço. Cabe-nos um questionamento, particularmente para quem tem poder de regime: Como é o seu serviço de governo? É de santificar o povo de Deus? Ou é de oprimir, perseguir, maltratar e destruir?
Devemos ter muito cuidado, clérigos e povo santo de Deus, particularmente as lideranças de que o serviço generoso de anúncio da salvação e do Reino de Deus deve ser de solidariedade, partilha, misericórdia e compaixão. Aquele que serve caminha para levar o Senhorio de Cristo para o coração das pessoas!
Que a realeza de Cristo não seja apenas uma celebração anual, mas sim uma realidade cotidiana em nossas vidas, refletida em nossas ações e nas escolhas que fazemos diariamente.
Que possamos proclamar com convicção e alegria: “Cristo, meu Rei e Senhor, reine em mim e em todos os corações!”
Que assim seja. Amém.
Fonte: CNBB