Por Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Os peregrinos simbolizam aqueles que estão em busca da pátria celeste, dos que diante de Deus e sob a proteção materna de Maria, chegam aos nossos santuários, abrindo o coração e erguendo as mãos, para expressarem gratidão pelas graças alcançadas. Mas também, no silêncio, movidos pela fé, entreabrem os lábios, para fazer uma prece e um pedido, que somente os ouvidos e a sensibilidade, cheia de ternura e de amor de um Pai e uma Mãe, podem entender. Maria é a mãe que acolhe sem distinção o que cada filho ou filha carrega no seu coração, muitas vezes ferido, cheio de dor e de lágrimas, pela falta de amor e de esperança; aquela esperança de ter trabalho, saúde e paz, na vida e na família, e ter a vida respeitada na sua dignidade e integridade.
Nesse peregrinar para a casa do Pai, muitos peregrinos se encontram e buscam fortalecer o espírito de fé na casa de Maria. Ali, no meio de muitos, eles não passam despercebidos do olhar de amor maternal de Maria. É o peregrino que chega até o santuário, com os pés feridos pelo longo caminho percorrido, ajudado pela caridade e solidariedade dos irmãos; aquele que vem pela primeira vez, movido mais pela curiosidade do que pela vontade interior de fazer um encontro com o Senhor Jesus, filho de Maria. É o peregrino de muitas romarias, que leva nos pés os calos e no coração a leveza da alma, de quem encontrou a paz do Senhor, no olhar de ternura de Maria, mãe da Igreja e nossa.
Peregrinar é sair do nosso lugar, do nosso comodismo, de nós mesmos, para ir ao encontro do Senhor. Peregrinar é caminhar na fé, junto com Maria, mãe amorosa, que acolheu em seu seio o “Verbo” de Deus. Seus braços de mãe carregaram Jesus menino, mas também acolheram com amor e na dor o corpo do filho sem vida, descido da cruz. O amor de mãe é sensível à aflição dos filhos que mais padecem e sofrem. Diante da mãe, os filhos não precisam dizer muitas palavras, porque no seu amor materno ela sente no coração o sofrimento dos filhos.
Como povo de Deus, a caminho da casa do Pai, o mês de outubro, Mês do Rosário e Missionário, nos ajuda na conscientização de que devemos reacender a chama de uma fé comprometida com a missão, de testemunhar e anunciar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Sermos cristãos comprometidos com a vida e a dignidade dos nossos irmãos e irmãs, tendo presente os valores e a realidade fragilizada da família. A vida merece ser respeitada, amparada, protegida, cuidada como uma bela e frágil flor do jardim. Mas entre o direito à vida e a realidade social, interpõem-se realidades que ferem e tiram o direito sagrado de viver sob a proteção amorosa da família na sociedade.
Fonte: CNBB