A catequese sempre se guiou pela verdade da fé revelada por Deus e trazida a nós pela Sagrada Escritura, pela tradição (transmissão viva, realizada no Espírito Santo, cf. Catecismo da Igreja Católica, 78) e pelo magistério.
“Escritura, tradição e magistério estão estreitamente unidos entre si e nenhum deles existe sem os outros. Juntos contribuem de maneira eficaz, cada um à sua maneira, para a salvação dos homens (cf. Dei Verbum, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, 10). A catequese, nomeadamente, é uma mediação dos pronunciamentos do Magistério.” (Diretório para a catequese, 94)
A vida de aprendizado e de comunhão com o Senhor foi transmitida com palavras e gestos pelos apóstolos na formação das primeiras comunidades cristãs. Precisamos distinguir, da sagrada tradição, os ensinamentos teológicos, disciplinares, litúrgicos ou devocionais que nos acompanham em todas as épocas.
A Bíblia, que surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano, tornou-se o livro por excelência do povo de Deus.
É o livro por excelência da catequese (Catequese renovada, 154). Todo o esforço, empregado na educação da fé de todos que foram iniciados na vida cristã, deve-se ao uso adequado da Bíblia na catequese e em toda ação evangelizadora. O processo de iniciação à vida cristã apresenta a figura dos “introdutores” como membros atuantes da comunidade de fé para a acolhida dos que chegam às nossas comunidades. Os “introdutores” são, na verdade, os acompanhadores que transmitem a Palavra de Deus com o seu testemunho e presença acolhedora.
Hoje, a Igreja nos convida a uma verdadeira animação bíblica e a catequese, com a perseverança dos catequistas e centrada na Palavra de Deus, abraça a missão de favorecer aos catequizandos o encontro pessoal com Jesus Cristo. Com o uso da Bíblia na catequese, todos podem aprender a escutar o que Deus quer falar; na “escola da fé”, nós, catequistas, formamos novos discípulos que crescem na escuta orante da Palavra viva. Educamos para o valor da Palavra de Deus na nossa vida, pois ela é “viva e eficaz” (cf. Hb 4,12).
Alimentada e guiada pela Sagrada Escritura, a catequese deverá empenhar-se na fidelidade de ouvir e transmitir a fé cristã às novas gerações, porque tem a missão de “(…) desenvolver o sentido de pertença à Igreja; educar para o sentido de comunhão eclesial, promovendo o acolhimento do magistério, a comunhão com os pastores, o diálogo fraterno; formar para o sentido de corresponsabilidade eclesial, contribuindo como sujeitos ativos para a edificação da comunidade e como discípulos missionários para o seu crescimento” (Diretório para a catequese, 89).
É muito inspiradora, para a pedagogia catequética, a pedagogia divina – o jeito catequético de Deus. O povo de Israel foi aprendendo com Ele, que esteve sempre presente no centro da história e da vida do seu povo. A longa história de buscas e de experiências de fé foi narrada na linda história da aliança de Deus com o povo e do povo com Ele.
O texto sagrado nasceu com a experiência comunitária de vida e de fé, assim, Deus escolheu se revelar, educar e acompanhar o seu povo. Revelou seu nome, seu rosto e seu plano de amor. Sua revelação progressiva, por meio de palavras e acontecimentos, alcança sua plenitude em Jesus. A catequese, como espaço de amadurecimento da fé, intensifica essa interação “fé e vida”. O princípio de interação entre fé e vida (cf. Catequese renovada, 112-113) consolidou-se como modelo catequético, garantindo fidelidade a Jesus Cristo, à Igreja e à pessoa humana.
A interação entre fé e vida é a principal tarefa do catequista. É a arte de revelar-se como um catequista pedagogo e mistagogo que, atento à realidade concreta de sua comunidade eclesial, vai acolhendo, educando na fé e acompanhando seus catequizandos na adesão a Jesus Cristo.
Assim como a pedagogia divina, em que Deus se revela caminhando com o seu povo, a pedagogia bíblica é igualmente progressiva. Ao longo de todo o processo, torna-se uma possibilidade de reflexão na caminhada. Enquanto a comunidade dos fiéis caminha, a Palavra acompanha essa caminhada, pois é “(…) inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2Tm 3,16).
COMO UTILIZAR A BÍBLIA NA CATEQUESE?
“A catequese é a verdadeira introdução à leitura da Escritura.” (Catequese renovada, 87)
- Respeitar a interação entre fé e vida ao ler a Bíblia;
- Atualizar seu conteúdo com a vida de cada grupo de catequese;
- Iluminar com a Palavra de Deus a realidade concreta em que a comunidade vive;
- Favorecer a familiaridade com a Bíblia por meio da reflexão e da oração à luz da Palavra;
- Buscar uma formação bíblica para não cair no erro de uma leitura superficial, fundamentalista ou distante da experiência de vida do grupo de catequese;
- Comunicar a Palavra! Catequese não é “aula sobre a Bíblia”; comunicar a Palavra de Deus é favorecer o encontro com o Senhor que nos fala;
- Aproveitar o uso da Bíblia na catequese para falar com Deus.
Para uma catequese bíblica, vamos observar:
- A motivação para anunciar a alegria da Boa-Nova;
- As diferentes idades;
- A experiência de vida;
- A maturidade de fé;
- A linguagem;
- O espaço orante para a proclamação;
- As técnicas e os recursos;
- Os novos meios para a evangelização.
Caminhemos unidos no caminho do discipulado e perseverantes na transmissão da fé!
Pe. Paulo Gil
Fonte: Conteúdo extraído da Revista Ave Maria