A maior e mais antiga festa cristã

Frei Luiz Iakovacz

Após a Ressurreição, Cristo deixou esta incisiva ordem aos apóstolos: “Ide, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28,19-20). De fato, eles partiram e evangelizaram vários países onde, também, sofreram o martírio – como nos diz a Tradição da Igreja. A Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo marcaram profundamente os apóstolos. Este fato não só se tornou o núcleo da sua pregação, com também os levou a ler o Antigo Testamento sob a ótica pascal, especialmente, da Ressurreição.  Assim, no dia de Pentecostes, Pedro dirigiu a Palavra a uma multidão de diferentes culturas e nações, reinterpretando vários textos bíblicos e afirmando que Cristo – morto e sepultado – “Deus O ressuscitou, e disto nós somos testemunhas”.

Tal anúncio causou um impacto tão grande que os ouvintes perguntaram: “Que devemos fazer”? A resposta foi: “Arrependei-vos e cada um seja batizado em nome do Senhor Jesus. Naquele dia, cerca de três mil pessoas abraçaram a fé” (cf. At 2, 14-41). Notemos que uma evangelização convincente leva o ouvinte a pedir o batismo.  Por isso, os primeiros cristãos, após um catecumenato de três anos, livremente, pediam este sacramento que era celebrado somente na Vigília Pascal, isto é, na noite em que se anunciava a Ressurreição de Jesus.  Esta experiência era um verdadeiro “sepultar-se com Cristo para, com Ele, ressurgir a uma vida nova” (Rm 6,4). Por isso, a Páscoa se tornou o centro do Ano Litúrgico, e tudo girava ao redor dela.  No entanto, tanto hoje como ontem, pairam “dúvidas” sobre a Ressurreição. Alguns não creem nela, porque o evangelista Mateus diz que as autoridades religiosas, maliciosamente, subornaram os guardas para que desmentissem a Ressurreição de Cristo, dizendo que o corpo foi roubado enquanto dormiam; e “esta versão continua até hoje” (cf. Mt 28,11-15). Outros descreem porque as “aparições” foram poucas e a um grupo seleto: algumas mulheres (cf. Mc 16,1-8), aos apóstolos (cf. Jo 20,19-29) e a uns quinhentos discípulos (cf. 1Cor 15,6).

Mais ainda: quando Paulo anunciou a Ressurreição no areópago de Atenas, os ouvintes  “zombaram dele e disseram: sobre isso te ouviremos numa outra ocasião” (cf. At 17,16-34). Então… onde buscar a certeza da Ressurreição?! Consideremos uma coisa: a Ressurreição não consiste no reavivamento de um cadáver, nem se explica com provas e argumentos. Para os cristãos, junto com o “sepulcro vazio” e as “aparições”, a Ressurreição se fundamenta na dimensão da fé e da liberdade. É o próprio Cristo quem o declara, textualmente: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá. E quem crê em mim, jamais morrerá” (Jo 11,25-26).

Se quisermos anunciar a Ressurreição, comecemos a viver como ressuscitados, isto é, como pessoas que servem e se sacrificam pelo próximo, que sabem amar e dar a vida por amor. Foi assim que Jesus viveu, e é assim que poderemos nos tornar provas vivas da sua Ressurreição. Então, “nosso corpo se revestirá da incorruptibilidade e o nosso ser mortal, da imortalidade” (1Cor 15,54). Este é o verdadeiro sentido da Ressurreição!

franciscanos.org.br

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