A importância da visita ad limina apostolorum dos bispo à Igreja de Roma

Bispos dos regionais Norte 2 e 3 da CNBB em visita ad Limina - foto/reprodução CNBB Norte 2

Por Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá – PA

 

Nestes tempos, está ocorrendo em Roma, a visita dos bispos do Brasil chamada ad limina apostolorum, ao primeiro dos apóstolos, no caso Pedro, mas também Paulo, sobre os seus túmulos, pela sua doutrina, vida, eles que foram mártires pela sua doação de vida, no seguimento a Jesus Cristo. Esta visita é muito importante à Igreja de Roma, onde está o sucessor de Pedro, o Papa, Francisco, e outros dicastérios, departamentos que formam a cúria romana, mas ela é também importante para todos os bispos, sucessores dos apóstolos no serviço que prestam às suas igrejas particulares na evangelização e no anúncio do Reino de Deus, em unidade com a Igreja de Jesus Cristo em Roma. Esta Igreja mereceu um destaque desde os primeiros tempos do cristianismo, os santos padres, pois estes reforçaram a vida da Igreja, a sua tradição e o sucessor de Pedro, o papa que governa a Igreja no mundo cristão e ele é uma referência de liderança para todo o mundo. Veremos a seguir estes pontos que colocam a importância da Igreja romana e agora pela visita ad limina apostolorum para confirmar a fé e o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

A Igreja de Roma que pediu unidade

Na questão da unidade com a Igreja de Roma, São Clemente romano, bispo de Roma, Papa, final dos séculos I e inicio do século II interviu na comunidade de Coríntios com uma carta, pedindo a todos a unidade, pela polemica levantada por aquela comunidade, porque ela depusera os seus dirigentes, bispos, presbíteros e diáconos. O bispo de Roma, no serviço de sucessor de Pedro, disse que a comunidade de Coríntios não tinha este poder, porque a missão não estaria ligada diretamente à comunidade deles, devido à sucessão apostólica que os bispos, ligados aos apóstolos receberam do Senhor Jesus sabendo que os apóstolos foram ao mundo pregando o Evangelho de Jesus Cristo. Cristo por sua vez vem de Deus e os apóstolos vinham de Cristo[1]. Eles foram testemunhas de Cristo ressuscitado. Como eles pregaram por toda a parte, campos e cidades, produzindo suas primícias, provando-as pelo Espírito, para instituir com elas os seus sucessores, de modo que a sucessão apostólica vem do Senhor, passando pelos apóstolos até chegar aos bispos naquele momento[2].

Os ministros sofreriam perseguições

São Clemente Romano também afirmou que os apóstolos sofreriam perseguições como o Senhor já tinha previsto (Mt 5,11). Deste modo eles instituíram e ordenaram após a morte dos apóstolos outros homens provados que lhes sucedessem no ministério. Estas pessoas que serviram de uma forma irreversível ao rebanho do Senhor Jesus Cristo e que receberam o testemunho de todos, não era justo demiti-los de suas funções, que lhes foram designadas pela comunidade e pela sucessão apostólica que vinha do Senhor Jesus Cristo[3].

A Igreja de Roma

Santo Inácio de Antioquia, bispo no século I afirmou a importância da Igreja de Roma para todo o mundo cristão, católico. Quando o bispo estava vindo de Antioquia para Roma para ser martirizado, ele pediu à comunidade dos romanos para que não impedisse o martírio, a sua entrega total ao Senhor Jesus. Ele não só queria ter o nome de cristão, mas que ele fosse de fato, pela entrega de si ao Senhor e à Igreja[4]. Ele queria ser o trigo de Deus, e ele seria moído pelos dentes das feras, para se apresentar como trigo puro de Cristo[5].

Ele tinha presente a Igreja de Roma como a Igreja importante que coordenava as outras igrejas pelo mundo afora, através da caridade. Ele não queria dar ordens como Pedro e Paulo, porque eles eram apóstolos, porque ele se considerava um condenado; eles eram livres e ele era apenas um escravo. Mas se ele sofria, seria uma pessoa livre a Jesus Cristo de modo que ressurgiria nele como pessoa livre[6].

A fundação da Igreja de Roma

Santo Ireneu de Lião, bispo dos séculos II e III disse que os bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo fundaram e edificaram a Igreja transmitindo o governo episcopal à Lino, que teve como sucessor Anacleto, em seguida coube o episcopado a Clemente, pois este tinha convivência com os próprios apóstolos e estivera em relação com eles, que ainda guardava viva em seus ouvidos a pregação e a tradição[7].

Santo Ireneu lembrou que no pontificado de Clemente romano surgiram divergências graves entre os irmãos de Coríntios. Desta forma a Igreja de Roma, na pessoa de Clemente enviou aos coríntios uma carta muito importante para reuni-los na paz, reavivar-lhes a fé, e reafirmar a tradição que há pouco tempo tinha recebido dos apóstolos e de Cristo Jesus[8].

Tradição apostólica mais antiga

Santo Ireneu tinha presente que a Igreja de Roma, possui a tradição apostólica mais antiga por ela ser fundada por Pedro e Paulo e por encontrar nela a verdadeira tradição. Ela tinha esta conotação de modo que as confusões que ocorreram em Coríntios ou em outros lugares do mundo, os seus coordenadores não podiam ser seguidos porque eles não tinham em mente a unidade na fé, vivida e que foi conservada, transmitida na Igreja desde o tempo dos apóstolos, Cristo Jesus até chegar o momento atual[9].

A voz das Igrejas

Santo Ireneu disse que a Igreja de Roma tornou-se a voz das Igrejas, porque dele tiveram origem todas as outras igrejas. Sendo a voz da cidade mãe dos cidadãos da nova aliança, estas eram as vozes dos apóstolos, as vozes dos discípulos do Senhor, por seguirem a voz do Espírito. Eles invocavam a Deus que fez o céu, a terra, e o mar, anunciando aos profetas e o seu Filho Jesus, que Deus ungiu e não invocaram nenhum outro Deus[10].

A recondução de muitas pessoas à Igreja

Santo Ireneu de Lião também falou que São Policarpo, bispo de Esmirna foi discípulo dos apóstolos e viveu com muitos que viram o Senhor Jesus. Ele sempre ensinou o que aprendeu dos apóstolos e que também a Igreja transmitia a única verdade, que vinha de Deus, e de Jesus Cristo e passou pelos apóstolos até chegar ao momento atual[11].

Santo Ireneu também afirmou que no pontificado de Aniceto, Policarpo esteve em Roma, conseguindo reconduzir muitos dos que falseavam a fé cristã ao seio da Igreja de Deus, proclamando que não tinha recebido dos apóstolos senão uma só e única verdade, a mesma transmitida pela Igreja do Senhor[12].

A visita dos bispos aos primeiros dos apóstolos ensina a importância de viver em unidade com a Igreja de Roma, com o sucessor de Pedro, o Papa Francisco, e viver no mundo de hoje o valor da catolicidade, a alegria de seguir a Jesus Cristo, de viver na comunidade cristã, católica, e testemunhar o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. A Igreja do Senhor ocorre nas Igrejas Particulares, pelas suas pastorais, movimentos, serviços, com o clero e todo o povo de Deus. A unidade com a Igreja de Roma é fundamental como expressão de nosso amor a Cristo e a Igreja.

Fonte: CNBB Norte 2

[1] Cfr. Clemente aos Coríntios 42, 1-2. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 53.

[2] Cfr. Idem, 42 2-4, pg. 53.

[3] Cfr. Idem, 44, 1-6, pgs. 54-55.

[4] Cfr. Inácio aos romanos, 3, 2. In: Idem, pg. 104.

[5] Cfr. Idem, 4, 1.

[6] Cfr. Idem 4,3. Pg. 105.

[7] Cfr. Ireneu de Lião, III,3,3. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 250.

[8] Cfr. Idem, pg. 250.

[9] Cfr. Idem, pg. 250

[10] Cfr. III, 12,5, pg. 291.

[11] Cfr. IdemIII, 3,4, pg. 251.

[12] Cfr. IdemIII, 3,4, pg. 251.

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