A importância da Vida Eucarística na verdadeira conversão e inclusão

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Maria Santíssima é a primeira a fazer a experiência da plena Liberdade, da Vida Eucarística (Do grego antigo εὐχαριστία, cujo significado é “reconhecimento”), “ação de graças”. “Minha Alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”(Lucas 1,46-47).

 

Por Diác. Adelino Barcellos Filho- Diocese de Campos

Esta reflexão, constatação e dimensão Pastoral, parte do princípio da participação de Maria Santíssima, com o seu “sim” no processo da Redenção e Salvação do gênero humano. Desta forma, a Trindade Santa  (Pai, Filho e Espírito Santo), ao se revelar em Cristo Jesus, demonstra e confirma esta  participação de Maria, intimamente ligada aos méritos de Cristo.  Maria Santíssima é a primeira a fazer a experiência da  plena Liberdade,  da Vida Eucarística (Do grego antigo εὐχαριστία, cujo significado é “reconhecimento”), “ação de graças”. “Minha Alma glorifica o Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”(Lucas 1,46-47).

O CIC nos números 436, 437 e  438 expressam a eficácia deste Mistério revelado. Entende-se por Vida Eucarística o ideal da mais perfeita Ação de Graças oferecida ao Pai; Santo Sacrifício (Paixão, Morte e Ressurreição)  de expiação dos pecados pelo Filho Unigênito,  na Ação Vivificante do Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho.

A partir da DSI (Doutrina Social da Igreja), observa-se que, “existe um consenso em nossa cultura, é o consenso quanto a importância da Liberdade. Religiosos e ateus, ricos e pobres, famosos e desconhecidos, todos nós acreditamos que precisamos ser livres para sermos felizes. Mas, como tudo aquilo que é importante em nossa cultura, plural e crítica, a percepção real do que é a Liberdade, permanece confusa, na consciência de boa parte das pessoas”, bem como, para aqueles “manipuladores de consciências”.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) lembra que “Foi para a Liberdade que Cristo nos libertou (Gálatas 5, 1). N’Ele, nós comungamos na Verdade que nos liberta. Foi-nos dado o Espírito Santo e, como ensina o Apóstolo, onde está o Espírito, aí está a Liberdade (2 Coríntios 3, 17). Desde agora nos gloriamos da Liberdade dos filhos de Deus (cf. Romanos  8, 21)” (CIC 1741).

O mesmo Catecismo define a Liberdade como “o poder, radicado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim, por si mesmo, ações deliberadas” (CIC 1731), mas adverte que “não há verdadeira Liberdade senão no Serviço do Bem e da Justiça (prática da Misericórdia = promoção da honra e da dignidade humana)” (CIC 1733).

O Bem e a Justiça não excluem uma ação conjunta, fundamentada, nos 10 (dez) Mandamentos da Antiga e sempre Nova Aliança e, nas Bem Aventuranças, pilares da Vida Cristã, como preciosas referências, para um eficaz Exame de Consciência, construção do Caminho de verdadeira Conversão  (mudança de vida diária), de Santidade, desejo ardente do próprio Deus: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (cf. Levítico 19,2); depois, no Evangelho, insiste: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!” (Mateus 5,48); ou seja: não seja escravo de nada, dos vícios, nem de ninguém,  nem de você mesmo.

Precisamos estar atentos para “aquela religião” do mero e simples “não pode”, que crucificou Jesus Cristo; como nos adverte Castillo,  J. M. (2015, p.533) uma “religião que perverte as pessoas de boa consciência[…], que vivem e integram em sua vida semelhante perversão como um ato de virtude“, pela falta de acolhida, de exclusão, marcada pela ausência total de empatia (colocar-se no lugar do outro),  ausência de sensibilidade à real necessidade do outro. “E confesso que o que mais me faz pensar é que a morte real de Jesus, ocorreu ‘fora das portas’, entre gritos e lágrimas  (Hebreus 5,7), na vergonha daquele que já não servia senão para ‘zombaria de Deus’, por verdugos  (Mateus 27,39-44); até morrer na angústia de quem pergunta a DEUS por que o abandonou”  (Mateus 27,46; Salmo 22,2. Id.p.534).

Como é bom contarmos com estudiosos como Scupoli, L. (2013, p.101) onde ilumina nossa reflexão, advertindo sobre o fato de que “A astuta e maligna serpente não deixa de nos tentar com os seus enganos para conseguir que mesmo as nossas virtudes se convertam em ocasião de ruína, pois podemos nos comprazer nelas, em nós mesmos e cair no vício da soberba e da vanglória”. O bom combate contra isso é, o conhecimento de si, reconhecendo não ser nada, não saber nada, não poder nada, e sim, o que há em nós são misérias e defeitos,  reconhecer-se assim é a única possibilidade da Graça agir.

Desta maneira,  infelizmente estamos mergulhados em uma realidade de Igreja onde as pessoas querem se apossar de uma “verdade absoluta” que não tolera diálogo algum e, por vezes, presenciamos um puritanismo hipócrita, que promovem muito mais o mal do que o Bem, uma fadiga mundana do Sagrado, meramente carnal, onde o Amor e a Caridade não se encontram; longe das possíveis transformações de vida, curas e libertações, tão desejadas e praticadas por Jesus  (Caminho, Verdade e a Vida).   Por conta da “anti cultura” do “não pode”, muitos de nós católicos, estamos caindo na tentação do “tudo pode”, em um processo de negação da nossa própria essência (Imagem e Semelhança), enquanto resgatados pela Graça Santificante do Santo Batismo, da pertença sublime e verdadeiramente humana.

Há algumas décadas, Chupungco, A.J.-OSB (1992, p.144-145) nos sinalizava que a Vida Eucarística, pela  “adaptação não deveria minimizar a forma litúrgica básica”, seja valorizada a formação continuada dos católicos adultos,  dos Movimentos, Pastorais e Grupos; “nem obscurecer o papel da Palavra de Deus e da mediação da Igreja”, para o crescimento na Fé de Jesus Cristo  (Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus) em nós, na sincera Conversão, sermos divinamente humanos, sem fingimento, sem hipocrisia.

Faço minha a intenção escolhida pelo Papa Francisco para este mês de julho de 2023: “que os católicos ponham no centro da vida a celebração da Eucaristia, que transforma em profundidade as relações humanas e dispõe ao encontro com Deus e com os irmãos”.   Desde o primeiro século da nossa Salvação, em Jesus Cristo, Santo Inácio de Antioquia (+102) nos exorta na sua Carta aos Efésios: “Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a eucaristia de Deus e o Seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões, são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na Fé”. Assim, tudo aquilo que desune, divide, provém do diabo, cujo objetivo é roubar, matar e destruir. Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, Vida Eucarística, ao contrário,  nos  une e nos  ‘re-úne’. “Ele está no meio de nós.” Obrigado Senhor!

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