A família, como vai?

Imagem de Charles McArthur por Pixabay

Por Frei Luiz Iakovacz

 

Um dos grandes frutos do Concilio Vaticano II (1962 a 1965) é o de ter sido um “Concílio Pastoral”. De fato, seguidamente, os bispos conciliares insistem para que as Conferências Episcopais de cada país elaborem e executem planos pastorais, assumidos por todas as dioceses e paróquias. É a conhecida Pastoral de Conjunto.

Assim, desde 1964, a Campanha da Fraternidade foi sendo, paulatinamente, implantada e persiste até hoje. O mesmo aconteceu com o Mês Vocacional. Após experiências bem-sucedidas em vários pontos do Brasil, em 1983, a CNBB oficializou “Agosto, Mês Vocacional”.

No Evangelho, há o desafio de Jesus: “Sede santos como vosso Pai é santo” (Mt 5,48). Um dos meios para crescermos em santidade é a vivência da vocação. Assim, em cada semana, refletimos sobre uma delas: a sacerdotal (1º domingo), a familiar (2º domingo), a vocação religiosa (3º domingo) e a laical (4º domingo).

Vamos falar sobre uma delas: A família.

Em 1994, esta frase – “A família, como vai”? – fundamentou a CF daquele ano. Já se passaram 25 anos. O que mudou?! Que avanços foram constatados?!

A questão da Família – seus valores e contra-valores, os novos conceitos e os tradicionais – está na boca de todos os povos. É como se fosse o “ar que respiramos”. A Igreja, atenta a estes sinais, aponta caminhos e esperanças através das Jornadas Mundiais. Já são nove. A última foi em Dublin, na Irlanda, no ano passado. A próxima será em Roma em 2021. Sempre começa na terça-feira e termina no domingo. São dias de reflexão, palestras, celebrações, reavivamento dos valores/desafios da família e outros.

Outro grande impulso sobre a Família foi o Sínodo dos Bispos, realizado em duas etapas (2014/2015). O fruto desta assembleia foi a publicação do documento papal Amoris Laetitia (= A alegria do amor).

No Brasil, em 1992, criou-se a Semana Nacional da Família (do 2º domingo até o seguinte). O subsídio “Hora da Família” traz sete encontros para serem refletidos em grupos.

Não é só isso! Dom João Bosco, bispo de Osasco e responsável pela Pastoral Familiar, diz, também, que “é para sair do ambiente de Igreja e ir às escolas, associações, órgãos públicos para despertar o amor e proteção à Família”. Continua o Bispo: “Oriente-se os jovens e adolescentes, especialmente, aqueles que encontram problemas na convivência familiar e que se olhe com carinho os idosos, dando-lhes atenção e carinho”.

Também, nestes 25 anos de a “Família, como vai”, a Pastoral Familiar qualificou seus agentes, pois devem lidar com situações delicadas, como paternidade responsável, educação dos filhos, maternidade, aborto, famílias incompletas e irregulares, desquites, divórcios, formação segura e aberta sobre o Sacramento do Matrimônio e outros. Portanto, é uma gama de intenso trabalho e formação.

“Deus-Família”

Os cristãos professam a fé num só Deus em Três Pessoas. Cada uma tem sua identidade própria: o Pai é Pai, o Filho é Filho e o Espírito Santo é Espírito Santo. Três em Um. Assim também é a família: pai/mãe/filhos. Não são três famílias, mas uma só. Deus é o Criador de tudo o que existe. Ele é feliz em si mesmo e não precisa criar para que as criaturas O sirvam. Ele as criou para que participem da Sua felicidade. Assim também é a família: a maior felicidade é fazer o outro feliz.

No Monte Sinai, Deus fez uma aliança com Israel: “Vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”. O sinal da aliança foi o sangue de novilhos com o qual Moisés aspergiu o povo, dizendo “Este é o sangue da Aliança que Deus fez convosco” (Ex 24,5-8).

Quando o povo quebrou a Aliança, prestando culto a outros deuses, o profeta Oséias o acusa de “prostituição” (Os 5,3-4). Deus, porém, não desfez a Aliança e nem condenou o povo; ao contrário, vai seduzi-lo, leva-lo ao deserto e falar-lhe ao coração (Os 2,4-25). Este texto mostra a grandeza de Deus, o Esposo-traído, e é protótipo para todo e qualquer vocacionado.

Porém, o amor mais pleno e total, Ele o mostrou no Monte Calvário com a morte de seu Filho. Seu sangue derramado – não como o de um touro abatido, mas voluntariamente oferecido – é o “sinal da Nova e Eterna Aliança” (Lc 22,20) porque “prova de amor maior não há do que doar a vida pelo irmão” (Jo 15,13).

Fonte: Franciscanos.org.br


Frei Luiz Iakovacz é frade na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Concórdia (SC)

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