Por Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Iniciamos no dia dos pais a Semana Nacional da Família com o tema “Família e Amizade” e o lema: “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho”. Uma boa ocasião para aprofundarmos esse tema, pois hoje nos debruçaremos sobre o volume vinte e nove da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II, que trata sobre o tema: “A Família”. Esse é um tema de vital importância, pois a Igreja tem um carinho especial pelas famílias. O autor desse volume é Andrea Tornielli, vaticanista e diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. Ele desenvolve esse tema a partir da Constituição Pastoral elaborada ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II “Gaudium et Spes”. Essa Constituição Pastoral é de extrema importância ao longo do Concílio e foi falado bastante dela nos outros volumes dessa coleção.
A família, como dizia o saudoso Papa São João Paulo II, é a Igreja doméstica, pois é no seio familiar que se aprende os verdadeiros valores. Os pais são os primeiros catequistas dos filhos, pois é dentro de casa que os pais devem ensinar as primeiras orações do cristão. Após batizar os filhos, os pais devem manter a vida de fé, devem ir à Missa dominical toda semana para que os filhos possam crescer no ambiente da Igreja e depois ficará mais fácil para que por conta própria participem da Iniciação à vida cristã e façam a catequese de primeira Eucaristia e, em seguida, a Crisma e possam confirmar a fé recebida no batismo.
Diz também um antigo ditado: “Família que reza unida permanece unida”, por isso é importante haver um espaço de oração ao longo do dia em que a família reze junto. Seja pela manhã ou a noite antes de dormir, reservar uns dez minutos para oração, pedindo a benção para todos que ali moram.
A Igreja tem um carinho especial por todas as famílias e defende a união das famílias. A Igreja deseja que todas as famílias tenham como exemplo a Sagrada Família de Nazaré. É claro que sempre haverá problemas, não existe família perfeita, mas é preciso saber superar os problemas com a força da oração.
É importante em todas as paróquias ter a pastoral familiar, promover os vários movimentos que foram surgindo na época do Concílio Ecumênico Vaticano II, e é enriquecedor para as famílias. Se em sua paróquia ainda não tem a pastoral familiar, converse com seu pároco, forme um grupo de casais e peça que ele institua a pastoral familiar.
O sacramento do matrimônio é indissolúvel, ou seja, não se desfaz pois é para a vida inteira. Por isso, que os noivos fazem a promessa de ficarem unidos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da vida, até que a morte os separe. Por isso, a Igreja reza por todos os casais e todas as famílias, para que o matrimônio dure uma vida inteira. Outra promessa que os noivos fazem perante Deus no dia do matrimônio é estarem abertos à vida, e que os filhos sejam educados na lei de Cristo e da Igreja.
É função da Igreja e de cada um de nós cuidar para que as famílias sejam preservadas e não destruam o conceito de família. Infelizmente com o avanço da mudança de época querem mudar o conceito de família, e muitas pessoas querem impor uma certa “crise” no matrimônio. Diante disso o Papa Francisco lançou uma Exortação Apostólica pós-sinodal intitulada de “Amoris Laetitia”, que trata sobre o amor na família.
É preciso falar aos jovens e aqueles casais que se uniram sem se casar na Igreja sobre a importância do sacramento do matrimônio e de receber a benção de Deus. É necessário ter a vida sacramental em dia, para que todos possam participar mais ativamente da vida pastoral da Igreja. Até mesmo para no futuro ser padrinho e madrinha de alguém é necessário ter a vida sacramental em dia, sobretudo o matrimônio.
Rezemos e nos esforcemos para que superemos essa “crise” no matrimônio e conscientizemos muitos casais a regularizarem a vida sacramental e se casarem na Igreja. Inclusive trabalhar nos encontros de casais e curso de noivos a importância de se casar por amor e abertos à vida.
Podemos dizer que o futuro da humanidade passa pela família. E ainda, que os casais que se unirem em matrimônio se unam de fato por amor, pois o amor dos dois, junto com o amor de Deus sustentará a vida matrimonial por muitos anos.
Temos que preservar a vida desde a sua concepção até a morte. No início, quando os filhos são crianças os pais cuidam dos filhos, e quando os filhos são adultos o papel deve se inverter, os filhos devem cuidar dos pais até a velhice.
É necessário respeitar os avós, eles são pais duas vezes e cooperam com os pais no ensinamento dos netos. Muitas vezes enquanto os filhos trabalham os avós cuidam dos netos e passam o dia com eles. Por isso, cabe aos netos amarem e respeitar seus avós e serem gratos a eles. E do mesmo modo, os filhos respeitarem seus pais e ser gratos por eles ajudarem na educação dos netos.
Preservemos e cuidemos das famílias, que cada um possa levar o matrimônio a sério e cooperar na geração e no cuidado das vidas. Entendamos que as famílias têm muito a cooperar com a sociedade.
Convido a tomarem esse volume vinte e nove da Coleção Cadernos do Concílio – uma tradução publicada pelas edições CNBB – em mãos e ainda a Constituição Apostólica “Gaudium et spes” e a Exortação pós-sinodal do Papa Francisco “Amoris Laetitia” sobre o amor na família, e entenderem um pouco mais sobre a importância da família para a sociedade.
Fonte: CNBB