A Igreja no Brasil, todos os anos no mês de setembro, mês dedicado à Bíblia, por meio da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil, sugere a todas as comunidades a reflexão e o estudo de um livro da Sagrada Escritura.
Neste ano de 2025, em pleno Jubileu da Esperança convocado pelo Papa Francisco, o livro sagrado em destaque é a Carta de São Paulo aos Romanos. O lema escolhido para este do mês da Bíblia esta presente em Rm 5,5: “A esperança não decepciona”, em total consonância com o ano jubilar da Igreja.
A Carta aos Romanos, escrita por volta do ano 57, mais de vinte anos do episódio da conversão de São Paulo, possui grande relevância no epistolário paulino e no Novo Testamento como um todo, pois comporta temas importantes da teologia como graça, justificação, salvação, a vida do justo pela fé em Jesus e por conseguinte, o tema da esperança cristã.
De acordo com o texto-Base elaborado pela Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, “na carta aos Romanos, aparece várias vezes o substantivo esperança, que também é frequente nas outras cartas paulinas, de modo que Paulo pode ser considerado um Apóstolo da esperança. Em algumas de suas cartas, a esperança aparece junto com a fé e a caridade, de modo especial em 1Ts 1,3 e 5,8. Posteriormente, fé, esperança e caridade serão chamadas de ‘as três virtudes teologais’, aquelas que os cristãos não podem deixar de cultivar em seu dia a dia” (p. 9).
O tema da esperança na Carta aos Romanos é observado de forma constante, onde o substantivo ‘esperança’ é citado treze vezes e o verbo ‘esperançar’ cerca de quatro vezes. Ao citar Abraão e Sara, nossos pais na fé, no capítulo 4, São Paulo argumenta que a justificação ou salvação vem pela fé em Deus e não somente pela prática das obras da Lei. Mesmo contra toda segurança, Abraão e Sara permaneceram firmes na fé porque souberam depositar as suas esperanças em Deus e na realização de suas promessas.
No capítulo 5 da Carta aos Romanos, que enseja o lema deste mês da Bíblia, São Paulo aborda o tema da salvação, agora sob a perspectiva da reconciliação de Deus para com a humidade. A esperança, portanto, surge como anelo, ligação, que leva o cristão a não perder a confiança em Deus e em suas promessas, a exemplo dos antepassados que não vacilaram.
Citada três vezes neste capítulo 5, o termo esperança se torna um tema de especial importância. Para tanto, o Apóstolo dos Gentios elenca algumas proposituras para se chegar a plena convicção da esperança da glória de Deus. Nos dizeres de São Paulo: “nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação leva a perseverança, a perseverança leva a uma virtude comprovada, e a virtude comprovada desabrocha em esperança” (Rm 5,3-4).
Neste ponto, o Apóstolo Paulo coroa seu ensinamento à comunidade a qual escreve esta carta, sublinhado o valor da esperança cristã, em virtude da presença do Espírito Santo na vida da comunidade. Por isso, Paulo afirma com convicção: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Portanto, ao refletirmos e aprofundarmos nossos conhecimentos sobre a Carta de São Paulo aos Romanos, tema deste mês da Bíblia, possamos crescer na virtude da esperança, desejada pelo Papa Francisco por ocasião do Ano Jubilar de 2025, na certeza de que, apesar das dificuldades do cotidiano, a fé em Cristo Jesus nos garanta a participação na futura glória de Deus.
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Por Frater Bruno Coelho Gonçalves, SAC
Consagrado Palotino e estudante do 3º Ano de Teologia no Studium Theologicum de Curitiba – PR