Por Dom Antônio de Assis Ribeiro, SDB
Bispo Auxiliar de Belém – PA e Secretário Regional da CNBB Norte 2
Introdução
A quarta parte do documento Catequese Renovada (N. 281-319) nos apresenta a catequese como itinerário de educação à fé, profundamente inserida na vida da Comunidade.
A Catequese não é uma atividade fragmentada e nem deve ser considerada um compromisso à margem da comunidade. Muito pelo contrário, o lugar da Catequese é a Comunidade e, por sua vez, a comunidade cresce mediante a promoção da mesma.
Abraçando a totalidade da vida da comunidade, a catequese estimula o amadurecimento da fé das pessoas e as fortalece na consciência do dever do serviço eclesial e social.
A Catequese na Comunidade
A catequese não é uma tarefa confiada a poucos com exclusividade, mas a própria comunidade é chamada ser catequizadora, não há comunidade autêntica sem catequese e nem catequese que não esteja inserida na vida de uma comunidade cristã.
“A Catequese é um processo dinâmico e abrangente de educação à fé, um itinerário, e não apenas uma instrução” (N. 281). Esse processo de educação à fé, na comunidade primitiva, estava profundamente vinculado ao ensino da Doutrina dos Apóstolos, na vida comunitária, na liturgia e percorria um processo com várias etapas, essa era a iniciação à vida cristã.
A catequese como processo de educação à fé abraça por inteiro a vida da comunidade e conduz os catequizandos ao compromisso apostólico. A Catequese Renovada reforça a convicção de que não basta o planejamento para o bom andamento da catequese; é necessário que os conteúdos sejam integrados na vida da comunidade (cf. N. 282).
Quando a catequese se fixa na doutrina gera graves perdas. Ela deve também promover experiências de vida no interior da comunidade. Talvez seja a fragilidade da conexão entre catequese e vida comunitária, que favorece o fato de muitos catequizandos, após a primeira comunhão e crisma, não crescerem no sentido de pertença à vida comunitária, e por isso não se comprometem.
A catequese é permanente
A catequese é um longo caminho de conhecimento e de seguimento do senhor Jesus Cristo. “A sua palavra: sejam perfeitos como o Pai é perfeito (Mt 5,48), nunca chega a realizar-se plenamente em nossa vida. Por isso, jamais poderemos parar.
A caminhada na educação da fé deve durar a vida toda. Não pode limitar-se a ocasiões e lugares. “A Palavra nos chama sempre para a mudança de vida e para a construção do Reino de Deus na vida pessoal, na comunidade e no mundo” (N. 285).
A necessidade de um itinerário catequético
O processo de crescimento na fé depende de muitos fatores numa comunidade, tais como: a didática, a união entre os membros, a abordagem da realidade, a vida eclesial, a explicitação da fé. “Tais elementos crescem e caminham quando a comunidade caminha. Cada um exerce influência nos outros” (N. 288).
Isso significa que o processo catequético está inserido sempre dentro do contexto específico de cada comunidade. “Cada comunidade tem sua própria história, que deve ser respeitada”.
O processo catequético começa sempre com um grupo dentro de uma comunidade específica, servindo-se de diversas ocasiões como a Novena de Natal, círculos bíblicos, grupos de preparação ao batismo, celebração da Palavra, festa dos Santos e de Nossa Senhora.
Contudo, o centro de tudo deve ser Jesus Cristo; a figura de Jesus tem o peso maior, com Ele a fé se torna mais explícita, porque “Cristo é visto como modelo de vida e mestre da verdade”.
Outro elemento muito importante do itinerário de formação catequética, deve ser a experiência de colaboração, solidariedade e serviços como visita aos enfermos e ajuda aos pobres (cf. N. 293).
A Catequese quando está profundamente inserida na vida da comunidade, contribui para o crescimento da mesma através das orações pelos outros, da legitimação dos casamentos, da promoção da primeira comunhão dos adultos, da assistência sacramental a doentes e idosos, do terço em família, de celebrações no dia das mães, dos pais, dos mortos, as novenas etc. (cf. N. 294).
A dimensão social da catequese
A catequese por ter um profundo vínculo com a comunidade tem uma dimensão social; por isso deve se interessar pelas raízes dos problemas sociais que atingem a vida da comunidade, como situações de opressão e injustiça.
Sensível às realidades humanas, a catequese contribui para a formação da consciência cristã e estimula a discussão sobre a situação da política, da economia, direitos humanos, saúde, de acordo com os parâmetros da Doutrina Social da Igreja (cf. N. 296-297).
“Os cristãos, como cidadãos do mundo, têm uma missão irrenunciável nas diversas instituições do mundo social e político, para que aí se realize o Reino de Deus” (N. 300).
“Em nome do Evangelho, a comunidade eclesial deve iluminar pela Fé os projetos históricos, políticos, econômicos, culturais do mundo, promovendo a inviolável dignidade do homem, sua responsabilidade em face do bem da Comunidade” (N. 301).
A catequese descendo a fundo na vida comunitária, também se interessa por questões mais profundas como a consciência do pecado, a necessidade da conversão, a adesão adulta e firme a Jesus Cristo que transforma o homem, criando-lhe um coração novo. Quando isso acontece, a comunidade passa a perceber “os sacramentos como celebração da presença de Jesus no meio da comunidade e como compromisso com o Reino; percebe mais claramente a ação do Espírito Santo que transforma, renova e envia sua Igreja, instrumento de salvação, para que dê conta do grande serviço que lhe cabe, ou seja, a construção do Reino de Deus” (N. 305).
Enfim, a profunda aliança entre a catequese e a vida da comunidade, que promove uma fé madura, estimula a assunção de serviços, ministérios na comunidade e os cristãos descobrem mais profundamente a importância do ministério dos Pastores. Tornam-se missionários porque o Evangelho e sua realização constituem para todos os cristãos a razão de viver” (N. 308).
Enfim, “a Catequese é um processo de educação comunitária, permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da Fé. Sua finalidade é a maturidade da Fé, num compromisso pessoal e comunitário de libertação integral, que deve acontecer já aqui e culminar na vida eterna feliz” (N.318).
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
Por que há um profundo vínculo entre Catequese e comunidade?
Por que muitas vezes a catequese não consegue estimular nos catequizandos o sentido de pertença à Igreja e nem o engajamento eclesial?
Por que é necessária a dimensão social da catequese?
Fonte: CNBB – Norte 2