No Jubileu dos Coros, Leão XIV recorda que a música litúrgica é um instrumento precioso através do qual se presta o serviço de louvor a Deus e se manifesta a alegria da Vida nova em Cristo.
Na Solenidade de Cristo Rei do Universo, o Papa Leão presidiu à Santa Missa na Praça São Pedro por ocasião do Jubileu dos Coros, com a presença de 60 mil fiéis. E foi justamente o canto o elemento principal da homilia do Santo Padre.
“As grandes civilizações nos deram a música para que pudéssemos expressar o que sentimos no fundo do coração e que nem sempre as palavras conseguem transmitir”, afirmou o Pontífice, acrescentando que todos os sentimentos e emoções que nascem no nosso íntimo podem encontrar voz na música, como lembra Santo Agostinho: “o canto é próprio de quem ama”.
Para o Povo de Deus, o canto expressa a invocação e o louvor, é o “cântico novo” que Cristo Ressuscitado eleva ao Pai, fazendo com que todos os batizados participem dele. Quem canta na igreja, contribui para a edificação espiritual dos irmãos, afirmou Leão XIV.
“Em Cristo, tornamo-nos cantores da graça, filhos da Igreja que encontram no Ressuscitado a causa do seu louvor. A música litúrgica torna-se assim um instrumento preciosíssimo através do qual prestamos o serviço de louvor a Deus e manifestamos a alegria da Vida nova em Cristo.”
O Papa citou novamente o Bispo de Hipona, que exortava a caminhar cantando, como viajantes fadigados, que encontram no canto uma antecipação da alegria que sentirão quando alcançarem o seu destino. “Canta, mas caminha […] avança no bem» (Sermo 256, 3)”, escrevia ele. Com efeito, fazer parte de um coro significa avançar juntos, consolando nos sofrimentos, exortando para não ceder ao cansaço. Cantar, disse o Santo Padre, nos lembra que “somos Igreja em caminho, autêntica realidade sinodal, capaz de partilhar com todos a vocação ao louvor e à alegria, numa peregrinação de amor e esperança”.
O coro é uma comunidade, ninguém está à frente, mas todos contribuem para torná-la mais unida
Dirigindo-se diretamente aos membros dos coros, o Papa afirmou que se trata de um verdadeiro ministério, que exige preparação, fidelidade, compreensão mútua e, acima de tudo, uma vida espiritual profunda. Mas não só, requer ainda disciplina e espírito de serviço. O coro é uma comunidade, ninguém está à frente, mas todos contribuem para torná-la mais unida. Para o Pontífice, o coro é um pouco um símbolo da Igreja que, voltada para o seu destino, caminha na história louvando a Deus.
O canto torna a viagem mais leve e traz alívio e consolo
O convite, portanto, é para transformar os coros num “prodígio de harmonia e beleza”, imagem luminosa da Igreja que louva o seu Senhor. Leão XIV pediu que estudem o Magistério contido nos documentos conciliares, de modo a desempenhar da melhor forma o serviço. Acima de tudo, a exortação é para fazer com que o povo de Deus participe sempre, “sem ceder à tentação da exibição que exclui a participação ativa de toda a assembleia litúrgica no canto”. Assim, serão um sinal eloquente da oração da Igreja, que através da beleza da música, demonstra o seu amor a Deus.
O Papa concluiu confiando todos os cantores à proteção de Santa Cecília, a virgem e mártir que, em Roma, elevou com a sua vida o mais belo canto de amor, entregando-se totalmente a Cristo e oferecendo à Igreja o seu luminoso testemunho de fé e amor. “Continuemos cantando e façamos nosso, uma vez mais, o convite do Salmo responsorial da liturgia de hoje: «Vamos com alegria para a casa do Senhor».”
Vatican News
Capa: Papa Leão XIV (@Vatican Media)