Um dos legados da COP30 para a cidade de Belém é o Museu das Amazônias. Nesta segunda-feira, 17 de novembro, as Igrejas do Sul Global contribuíram com mais uma peça para seu acervo. Trata-se de uma rede que acompanhou os trabalhos do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019 no Vaticano. A entrega da peça foi acompanhada por uma mensagem em vídeo do Papa Leão XIV.
O Santo Padre enviou uma saudação às Igrejas particulares do Sul Global reunidas no Museu das Amazônias, em Belem, com a qual ele quis acompanhar a voz profética dos cardeais que representam essas Igrejas: Jaime Spengler, Fridolin Ambongo e Felipe Neri Ferrão, presentes na COP30, a cúpula do Clima organizado pela ONU, “dizendo ao mundo com palavras e gestos que a Amazônia continua sendo um sinal vivo da criação com uma urgente necessidade de cuidado”, como afirma o
Leão XIV reconhece que “escolheram a esperança e a ação frente à desesperação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto”. Além disso, ressalta que “tem se alcançado avanços, mas não suficientes”. Diante dessa situação, reconhece que “a esperança e a determinação devem se renovar, não só com palavras e aspirações, mas também com ações concretas”.
A mudança climática não é algo distante
O Papa cita alguns dos clamores da criação: “enchentes, secas, tormentas e um calor implacável”. Uma situação que faz com que “uma em cada três pessoas viva em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças”. Diante dessa realidade, denuncia que “para eles, a mudança climática não é uma ameaça distante”. Por isso, “ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada”.
Em suas palavras, o Santo Padre reconhece que “ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou”.
Não falha o Acordo de Paris, mas nossa resposta
Nas palavras do pontífice, “o Acordo de Paris tem impulsionado um progresso real e continua sendo nossa ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta. Mas devemos ser honestos”, disse, “não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns. A verdadeira liderança implica serviço e apoio em uma escala que possa fazer a diferença. Ações climáticas mais contundentes criarão sistemas económicos mais sólidos e justos. Medidas políticas e climáticas firmes constroem uma inversão em um mundo mais justo e estável”.
Ao mesmo tempo, reconhece Leão XIV que “junto com cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos, somos guardiões da criação, não rivais por seus bens. Enviemos juntos uma mensagem global clara: nações que permanecem unidas na firme solidariedade com o Acordo de Paris e a cooperação climática.”
Finalmente, antes de pedir que “Deus abençoe a todos em seus esforços por seguir cuidando a criação de Deus”, o Papa pede: “que este Museu Amazônico seja recordado como o espaço onde a humanidade escolheu a cooperação frente à divisão e a negação”.
Texto: Silvonei José e padre Luis Miguel Modino – Belém
Imagem capa: Pixabay