4º Domingo da Páscoa: “Porta também significa a sorte do encontro”

Imagem ilustrativa de Frei Fábio Melo Vasconcelos

Por Frei Clarêncio Neotti

 

Jesus se compara a uma porta. Os pastores costumavam construir nos campos um abrigo para a noite, um retângulo cercado por pequeno muro de pedra, com uma única porta, propositadamente, estreita. Durante a noite, vários pastores levavam ao abrigo suas ovelhas, e um deles ficava de vigia à noite toda. De manhã, cada pastor chamava suas ovelhas, elas saíam pela única porta estreita, ele as contava e as levava a pastar. Todos conheciam essa prática. Mas lembremos que também as cidades eram muradas. Em Jerusalém, sobretudo, eram famosas as muralhas de Salomão e Herodes. Entrava-se e saía-se da cidade somente pela porta. Por isso a porta significava proteção, segurança. Era na porta da cidade que se recebiam os que chegavam e se despediam os que partiam. Por isso a porta significava acolhimento, carinho. Era à porta da cidade que se faziam os negócios, que se compravam dos mascates ou se vendiam aos estrangeiros em viagem. Por isso, a porta significava sempre uma possibilidade.

Quando Jesus se compara à porta, podem compreendê-lo a pessoa simples do campo e a pessoa requintada da cidade. Está dizendo que somente por ele se entra no abrigo, somente por ele se entra na cidade de Deus, no Reino dos Céus. Mas está dizendo também que nele nós encontramos segurança e proteção (Mt 11,28). Ele nos acolhe sempre que a ele recorremos (Jo 6,37). Nele teremos a mais feliz e certa das possibilidades, como dirá mais tarde Pedro: “Nele encontraremos as mais preciosas e ricas promessas e nos tornaremos participantes da natureza divina” (2Pd 1,4). Certamente, Jesus está fazendo uma dura crítica aos fariseus e aos escribas, que “se haviam sentado na cátedra de Moisés” (Mt 23,2). Jesus os chama de “ladrões e assaltantes” (vv. 1 e 8), porque se haviam arrogado o direito de interpretar a Lei divina e a Lei, em vez de ser um roteiro de santificação e vida, tornara-se uma carga de escravidão e de morte (Mt 23,4). A Lei, na interpretação farisaica, já não significava segurança para ninguém, não tinha mais a força de consolar e abrigar os corações angustiados do povo.

Fonte: Franciscanos


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

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